Os dois últimos acusados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pelo crime que ficou conhecido como "chacina de Canasvieiras" foram julgados nesta terça-feira (15/3) e condenados a 82 e 68 anos de prisão. A sessão do Tribunal do Júri que culminou na condenação de Francisco José da Silva Neto e de Michelangelo Alves Lopes foi realizada no Fórum da Capital e durou mais de 18 horas.

Os Promotores de Justiça Wilson Paulo Mendonça Neto e Mauro Canto da Silva representaram o Ministério Público no julgamento, que estava inicialmente previsto para novembro do ano passado, mas foi adiado em função de testemunhas consideradas imprescindíveis estarem contaminadas com covid-19.

O crime ocorreu em julho de 2018, motivado pela cobrança de uma dívida trabalhista do proprietário do hotel - uma das vítimas, junto com mais três filhos e um sócio. Francisco, ex-funcionário do hotel, contratou Michelangelo e Ivan Gregory Barbosa de Oliveira prometendo como pagamento grande quantidade de dinheiro e de outros bens que seriam roubados no estabelecimento.

Aproveitando-se das senhas de acesso que o ex-funcionário possuía, os três criminosos entraram no hotel e aguardaram escondidos o momento ideal para render e imobilizar as vítimas. Depois de rendê-las, Ivan as ficou vigiando no subsolo do hotel, de onde o proprietário e seus três filhos - um deles autista - foram levados um a um, por Francisco e Michelangelo, para serem assassinados por asfixia nos quartos desocupados.

O sócio foi assassinado no subsolo por Francisco e Ivan e o foi crime testemunhado por uma funcionária, que também havia sido rendida, mas teve a vida poupada por não ter participação nos negócios da família e conseguiu fugir.

Conforme sustentado pelos Promotores de Justiça, Francisco foi considerado culpado por cinco homicídios qualificados pelo motivo torpe, por terem sido praticados com asfixia e pela impossibilidade de defesa pelas vítimas. Já Michelangelo foi condenado por quatro dos homicídios e absolvido de um deles.

Os acusados também foram condenados pelos crimes de roubo - levaram o celular da funcionária poupada -, pelo furto de dois automóveis e objetos da família assassinada, e por fraude processual, uma vez que jogaram gasolina sobre os corpos das vítimas e os objetos nos quais teria tocado, além de destruir o equipamento de monitoramento do hotel a fim de encobrir a autoria.

A pena aplicada a Francisco foi de 82 anos de prisão e a Michelangelo foi de 68 anos de reclusão, ambos em regime inicial fechado. A sentença é passível de recurso, mas os réus, presos preventivamente no curso da investigação policial, não terão o direito de fazê-lo em liberdade. Antes, em novembro de 2020, Ivan foi condenado a 43 anos de prisão, também em regime inicial fechado. Posteriormente, em recurso do MPSC, a pana de Ivan foi aumentada para 92 anos de prisão. (Ação penal n. 0010291-20.2018.8.24.0023)