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Com empolgação e muita curiosidade no olhar, mais de 600 alunos do oitavo e nono anos da rede municipal de São Lourenço do Oeste participaram do lançamento oficial do projeto "Aprender a empreender". O evento ocorreu na última semana de março, no Centro de Eventos do município, e contou com a presença de representantes de empresas e instituições parceiras.  

Para que o projeto fosse implementado, o Município assinou um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), diante da falta de um programa específico para lidar com a evasão escolar de modo preventivo. Além de incentivar a permanência dos adolescentes na escola, o Aprender a empreender tem o objetivo de capacitá-los e inseri-los no mercado de trabalho. Com o acordo, durante o ano letivo de 2024, os alunos terão uma aula por semana sobre empreendedorismo. A aula será ministrada por um professor e contará também com o auxílio das instituições e empresas parceiras. Além da aula semanal, os alunos também irão participar, durante o ano, de atividades em órgãos externos, como o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), e de dinâmicas dentro das instalações das próprias empresas parceiras. Por fim, os alunos que tiverem interesse também poderão ganhar a primeira oportunidade como jovem aprendiz nas empresas parcerias ou até mesmo receberem apoio para iniciar o seu primeiro negócio.

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O projeto surgiu na Escola Básica Municipal São Lourenço, em 2023, por meio da professora Rosi Mari Brandalize de Miranda, porque foi verificado que havia muita evasão escolar e que o programa seria uma forma de amenizar o problema. Porém, quando ficou sabendo da iniciativa, o Promotor de Justiça Mateus Minuzzi Freire da Fontoura Gomes, da 2ª Promotoria de Justiça da comarca, buscou formas para ampliar o programa a todas as escolas da rede municipal. 

"Conhecemos o projeto, conversamos com a professora e, então, propomos o TAC com o Município para pegar uma ideia boa e expandir. O início já está sendo um sucesso. A aceitação é muito grande e o número de parceiros aumentou agora com a participação de empresas multinacionais instaladas em São Lourenço do Oeste, tudo com o foco de trazer o adolescente de volta para a escola, criar esse interesse e mudar a vida deles", disse. 

A professora Rosi Mari Brandalize de Miranda detalha que o programa deu bons resultados na EBM São Lourenço e que os alunos mudaram o comportamento. "Eles começaram a se interessar mais pela escola. Em abril de 2023, uma representante da empresa Tevere, a primeira parceira do projeto, veio até a escola, fez entrevistas e já contratou três alunos. Hoje, em 2024, eles continuam trabalhando como menores aprendizes. Acredito fielmente que esse projeto vai muito longe. Estamos muito confiantes", acrescentou.

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Alunos empregados e empreendedores 

Maria Eduarda, de 15 anos, fez parte do Aprender a empreender em 2023, no último ano de ensino fundamental. Ela relata que, no ano passado não conseguiu trabalhar por conta de problemas familiares, mas que o projeto foi importante e a auxiliou a abrir o próprio espaço de dança.  

"Minha família é tradicionalista e eu olhei de uma forma diferente para o meu dom de dançar. Eu fui me descobrindo e resolvi abrir uma sala de dança. Hoje, eu sou professora e isso ocorreu por meio do projeto Aprender a empreender. Ensino, claro, tudo com supervisão de um responsável. No começo, eu vi esse projeto como uma coisa entediante, porque quando você está na escola meio que você se desinteressa das coisas. Mas isso foi passando. Conforme passaram os meses, eu fui vendo como esse projeto estava fazendo mudança na minha vida e hoje em dia eu sou o que sou através dele", enfatizou. 

Já adolescente Ana Carolina Lazzari foi uma das contratadas pela empresa Tévere e relata que o Aprender a empreender a ajudou a cumprir a meta pessoal de começar a trabalhar desde os 14 anos. "É uma experiência ótima estar trabalhando. Eu não era muito comunicativa, mas graças à empresa eu comecei a me comunicar mais e melhor. Graças ao projeto eu consegui ingressar no mercado de trabalho. Eu percebi o programa como uma oportunidade e, quando recebemos uma oportunidade, devemos abraçá-la com toda a força", disse.  

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Empresas parceiras 

Raquel Sebben, responsável pelo RH da indústria de aço Tévere, que integra o projeto desde 2023, conta que a empresa tem na equipe quatro menores aprendizes que foram contratados por meio do Aprender a empreender e trabalham em diferentes áreas. "Sabemos dos riscos de entrar num projeto que está iniciando, mas percebemos muito amor envolvido nessa iniciativa. Quando temos determinação, engajamento e paixão pelo que fazemos, é muito mais fácil as coisas darem certo. Então, nós embarcamos junto com eles, e está sendo muito prazeroso poder compartilhar desse crescimento, dessa expansão do projeto", disse.  

Célia Regina Pietta, gerente de assuntos coorporativos da multinacional Kellanova, responsável por marcas como Sucrilhos e Pringles, que passou a integrar o Aprender a empreender neste ano, enfatizou que o programa tem um impacto muito positivo para a sociedade e para a comunidade lorenciana. "A Kellanova vê o programa como uma transformação social e profissional para esses jovens. É muito importante estar junto desenvolvendo esses adolescentes, a carreira deles. Dentro da empresa nós temos diversas oportunidades e temos alguns exemplos, inclusive, de pessoas que entraram como aprendiz e cresceram na carreira. Então, vai ser uma oportunidade muito grande para que eles possam conhecer as áreas em que a gente trabalha, a inovação, produtos. Tenho certeza de que vai ser uma oportunidade única para esses jovens", destacou. 

Programa Transformação MP 

O projeto "Aprender a empreender" faz parte do programa "Transformação MP", do MPSC. O programa estimula e apoia iniciativas das Promotorias de Justiça que ajudem a solucionar problemas na realidade local, com possibilidade de as ações serem replicadas por outras Promotorias que tenham os mesmos problemas.