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Promover saúde mental e prevenção ao suicídio são ações que vão muito além do Setembro Amarelo e passam obrigatoriamente pela criação de políticas públicas voltadas a combater as verdadeiras causas que norteiam os suicídios no Brasil. Assim destacou a professora e pesquisadora baiana Jeane Tavares, que abriu a rodada de palestras sobre o tema na tarde desta terça-feira (10/9), no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, em Florianópolis. 

"Infelizmente, consultar com psicólogo ou psiquiatra ou conversar com um voluntário não vai resolver um problema que tem origem histórica e afeta grupos convenientemente invisibilizados, como negros, indígenas, pobres e comunidade LGBTQIAPN+. Dizer que um indivíduo se matou porque tinha depressão é o mesmo que não dizer nada. Precisamos investigar as causas, que envolvem raça, gênero, idade e sexualidade, mas, como fazê-lo se os casos envolvendo esses grupos vulnerabilizados, propositalmente, não estão nas estatísticas", provocou Jeane Tavares, que lamenta a falta de políticas públicas focadas nessas questões. 


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Na segunda palestra da tarde, "Políticas Públicas: novos caminhos para a prevenção ao suicídio a partir da perspectiva das determinações sociais", o psicólogo Diogo Boccardi falou sobre como os índices de suicídio podem servir como base para políticas públicas eficazes. "Esses dados estatísticos servem para que nós possamos pensar em políticas públicas direcionadas às populações. Os fatores de risco, por exemplo, não servem como fatores preditivos de risco individual, mas servem muito bem como norteadores das políticas públicas de prevenção do suicídio. Eles são, talvez, a maior ferramenta para a proposição de políticas públicas", explicou. 

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Na sequência foi realizada a mesa "Suicídio e grupos vulnerabilizados: mulheres, pessoas idosas e população em situação de rua", sob mediação da residente do Centro de Apoio Operacional da Saúde Pública, Ana Clara Schuh Ibrahim.  

A primeira palestrante foi a Coordenadora do Observatório Internacional de Práticas de Gestão Autônoma da Medicação da Universidade Federal de São Paulo, Girliani Silva, que abordou a perspectiva de gênero da questão. De acordo com dados apresentados por Girliani, as mulheres tentam suicídio três vezes mais que os homens. "Elas possuem elevadas taxas de depressão e ansiedade que estão relacionadas a abuso sexual infantil e violência na infância. Esses fatores estiveram presentes na vida de mulheres americanas que tentaram suicídio e são circunstâncias que não estão presentes no comportamento suicida de homens", ressalta.