Depois de o mês de outubro ser marcado pela campanha de mobilização para prevenção do câncer de mama, novembro é a vez dos homens, com o foco na saúde masculina e prevenção do câncer de próstata. Mesmo com informação e campanhas de conscientização em toda mídia, as dúvidas e preconceitos ainda prevalecem entre os homens.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer) no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma) e o sexto tipo mais comum no mundo. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.
Mesmo sendo um tipo comum de câncer, nunca se está preparado para receber o diagnóstico e ter acesso a informação sobre os direitos ao tratamento nem sempre é tarefa fácil. Foi o que aconteceu com AFC, 55 anos, servidor público, casado, pai de dois filhos e diagnosticado com câncer de próstata. AFC e toda a família sempre foram muito cuidadosos com a saúde e exames periódicos faziam parte da rotina da família, já que todos tinham convênio de saúde. Depois de perder o pai para um câncer, ele ficou ainda mais atento.
Em 2013, devido a um problema de saúde procurou um proctologista e urologista, fez exames específicos e em um exame de sangue apareceu uma alteração no PSA (Antígeno Prostático Específico - proteína encontrada no sangue que é específica para a próstata). Depois de refazer o exame e uma biópsia foi confirmado o tumor na próstata.
A partir deste momento a luta de AFC não foi apenas contra a doença mas também a luta pela garantia de um tratamento eficiente por meio do convênio de saúde. "Fiz alguns exames pelo convênio, mas preciso de um exame para comprovar o tamanho do tumor e a extensão da área atingida e o convênio negou a solicitação, então tive que recorrer ao médico para providenciar um laudo e tentar mais uma vez que o convênio cubra esse custo", contou. O valor do exame ultrapassa R$ 2.600,00.
Mesmo sem a posição final da empresa conveniada, o servidor manteve a data do exame, que deve acontecer na próxima semana, para assim iniciar imediatamente o tratamento. "Eu só posso tomar os remédios depois deste exame, pois a medicação pode interferir no resultado. Minha esposa foi pesquisar os valores dos dois remédios e aí veio o segundo "susto"", afirmou.
O primeiro remédio custa em torno de R$700,00 e o segundo - que são injeções com aplicação a cada 28 dias durante 3 anos - custa em média R$1.600,00 por aplicação. "O valor apenas para o início do tratamento já é muito alto, foi então que procurei o Centro de Apoio de Saúde para saber como posso proceder", disse.
A situação não parou por aí. Na sua pesquisa pelos remédios, AFC não encontrou disponíveis nas farmácias. Foi então que iniciou a organização de documentos para adquirir pelo Sistema Único de Saúde. "Mas já olhamos a lista de remédios e um deles também não está disponível", contou.
Agora o servidor conta os dias para iniciar o tratamento. "Não tenho muito o que fazer, estes remédios servem para controlar o tamanho do tumor, agora espero o dia do exame e conseguir os remédios o mais breve possível, no momento só preciso ter paciência e esperar", diz sem perder a esperança e o sorriso no rosto.