Programa do MPSC em parceria com a Unesc e o Presídio conclui terceira turma de tratamento para apenados usuários de drogas em Criciúma
Mais 15 detentos concluíram os 10 encontros do projeto desenvolvido em parceria com a Unesc; iniciativa também passa a atender a Penitenciária Feminina.
Tratar a dependência química para reduzir a reincidência criminal. Esse é um dos objetivos de um projeto pioneiro desenvolvido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em parceria com a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e com o Presídio Regional de Criciúma. A iniciativa vem sendo aplicada desde o segundo semestre de 2024.
Na última quinta-feira (27/11), a terceira turma concluiu os dez encontros terapêuticos, marcados por agradecimentos e relatos de transformação pessoal. Além disso, o projeto foi ampliado para a Penitenciária Feminina, que concluiu sua primeira turma com as apenadas.
Semanalmente, grupos de apenados, nesta última edição com 15 detentos, recebem o acompanhamento de acadêmicos de Psicologia da Unesc dentro da unidade prisional. Os encontros abordam não apenas o uso de drogas, mas também a construção de novos planos de vida, metas e perspectivas para que, ao deixarem o presídio, não retornem ao consumo de entorpecentes nem ao ciclo da criminalidade. A iniciativa foi idealizada pelo Promotor de Justiça Jadson Javel Teixeira com a equipe da 4ª Promotoria de Justiça de Criciúma, com atuação na área de execução penal.
Durante a entrega dos certificados, os participantes relataram suas vivências ao longo do processo. “Foi muito bom sermos vistos como humanos, não só como criminosos e viciados. Ouviram nossas histórias, nos fizeram pensar em como chegamos aonde chegamos”, afirmou um dos apenados. “A gente só tem a agradecer. Foi muito bom perceber que ainda podemos ter um futuro fora daqui que dá para sair, conseguir um emprego e não voltar para o ciclo da droga, que é uma escravidão”, relatou outro participante.
As ações são voltadas a detentos que cumprem pena por crimes de menor potencial ofensivo, como furtos e roubos, e que estão próximos da progressão ao regime aberto ou do livramento condicional, momento em que retomam a convivência em sociedade.
Além do enfrentamento à dependência química, o projeto busca resgatar a humanidade e a autoestima dos participantes. Nos encontros, eles relembram suas trajetórias, estabelecem metas, fortalecem habilidades e planejam o futuro. “É muito bom estar aqui hoje e ouvir os relatos dos detentos, das acadêmicas da Unesc e de toda a equipe. O projeto se consolidou e vem dando frutos importantes. Pensamos nessa iniciativa porque percebemos a forte relação entre o uso de drogas, especialmente o crack, e a prática de crimes como furtos e roubos. Apenas prender não resolve. A pessoa fica bem enquanto está segregada, mas ao sair volta ao uso, ao furto, e, quando vemos, já acumula dezenas de boletins de ocorrência”, explicou o Promotor de Justiça.
A psicóloga do Presídio relatou que no desenvolvimento do projeto tem sido possível observar transformações importantes nos grupos: “É possível percebermos neles desde o fortalecimento da autoestima até a ampliação da consciência sobre o uso de substâncias e suas consequências. A terceira turma encerrou o ciclo com boa participação, envolvimento e disposição para mudança. Recebemos um retorno bastante positivo, demonstrando que o espaço foi acolhido e reconhecido como uma oportunidade real de crescimento pessoal”.
A psicóloga e professora da Unesc Larissa de Abreu Queiroz, orientadora das acadêmicas envolvidas, destacou o impacto positivo do projeto tanto para os apenados quanto para as estudantes. “Eles têm conseguido falar sobre suas histórias de vida, sobre o consumo de drogas, e se enxergar como sujeitos para além da condição de apenados. Pensam no tipo de pessoa que querem ser ao sair da reclusão. Muitos relatam transformações importantes a partir dessa escuta qualificada. Para as acadêmicas também é extremamente enriquecedor, pois conseguem aplicar na prática o que aprendem em sala de aula, desenvolvendo acolhimento e habilidades profissionais em um cenário desafiador”, relatou.
Projeto expandido
O projeto, já consolidado no Presídio Regional, passou há algumas semanas a ser aplicado também na Penitenciária Feminina de Criciúma. Assim como ocorre com os detentos, as apenadas participam de encontros semanais conduzidos pelas acadêmicas de Psicologia. A primeira turma feminina já foi concluída e uma nova será iniciada em 2026.
A iniciativa está incluída na grade curricular do curso de Psicologia da Unesc. A cada semestre, estudantes do sétimo período têm a oportunidade de estagiar nos presídios, garantindo a continuidade do projeto. Ao fim de cada ciclo, os alunos apresentam resultados, evoluções e observações, contribuindo para o aprimoramento constante da ação.
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