As florestas que vemos em Florianópolis são resultado da regeneração da Mata Atlântica, que foi quase totalmente desmatada. Para termos uma ideia, a única área que restou de Mata Atlântica primária, na Ilha de Santa Catarina, fica no Parque Municipal da Lagoa do Peri, numa área tão pequena que, mesmo nesta foto aérea,não é possível vê-la. Para chegar até lá, nossa equipe andou por mais de duas horas na floresta. Essa jornada, em busca de uma canela-preta de 400 anos, no último pedaço de mata original, foi documentada em vídeo (abaixo).
A canela-preta (ocotea catharinensis) foi uma das árvores mais procuradas pela indústria madeireira devido ao seu alto valor comercial, que só era atingido após décadas de crescimento. Hoje essa espécie nativa da Mata Atlântica no Sul do Brasil está ameaçada de extinção e sua extração é proibida. Em Santa Catarina, a quantidade de canela-preta na floresta é uma das formas de identificar se a Mata Atlântica é primária, ou seja, onde não houve desmatamento, o que ocorreu, em Florianópolis, somente numa pequena área que hoje está cercada de mata secundária dentro do Parque Municipal da Lagoa do Peri.
Fazer o caminho até o que restou da Mata Atlântica primária em Florianópolis, partindo da margem oposta à sede do parque municipal, é como reviver, do fim até o começo, a história do desmatamento na ilha. Logo no início, as ruínas de uma madeireira que operou no local até a proibição da exploração da área, na década de 1970, e hoje está tomada pela vegetação.
O percurso, em direção ao alto do morro, mostra as diversas fases de recuperação da mata até a chegada ao ponto onde a floresta nunca foi desmatada.