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As florestas que vemos em Florianópolis são resultado da regeneração da Mata Atlântica, que foi quase totalmente desmatada. Para termos uma ideia, a única área que restou de Mata Atlântica primária, na Ilha de Santa Catarina, fica no Parque Municipal da Lagoa do Peri, numa área tão pequena que, mesmo nesta foto aérea,não é possível vê-la. Para chegar até lá, nossa equipe andou por mais de duas horas na floresta. Essa jornada, em busca de uma canela-preta de 400 anos, no último pedaço de mata original, foi documentada em vídeo (abaixo).

A canela-preta (ocotea catharinensis) foi uma das árvores mais procuradas pela indústria madeireira devido ao seu alto valor comercial, que só era atingido após décadas de crescimento. Hoje essa espécie nativa da Mata Atlântica no Sul do Brasil está ameaçada de extinção e sua extração é proibida. Em Santa Catarina, a quantidade de canela-preta na floresta é uma das formas de identificar se a Mata Atlântica é primária, ou seja, onde não houve desmatamento, o que ocorreu, em Florianópolis, somente numa pequena área que hoje está cercada de mata secundária dentro do Parque Municipal da Lagoa do Peri.

Fazer o caminho até o que restou da Mata Atlântica primária em Florianópolis, partindo da margem oposta à sede do parque municipal, é como reviver, do fim até o começo, a história do desmatamento na ilha. Logo no início, as ruínas de uma madeireira que operou no local até a proibição da exploração da área, na década de 1970, e hoje está tomada pela vegetação.

O percurso, em direção ao alto do morro, mostra as diversas fases de recuperação da mata até a chegada ao ponto onde a floresta nunca foi desmatada. 


Um caminho de surpresas e aprendizado

A reportagem que mostra a busca pela canela-preta de 400 anos foi gravada no dia 24 de maio, com a colaboração da administração do Parque Municipal da Lagoa do Peri. O vídeo tem dez minutos, e listamos quatro motivos para você assisti-lo até o final:

- ver a recuperação da vegetação, que hoje cobre o que restou de uma das madeireiras que quase acabaram com a canela-preta e a peroba naquela área;

- saber por que recuperação da mata não é sinônimo de recuperação da fauna;

- aprender a diferenciar Mata Atlântica primária de mata secundária;

- e conhecer uma canela preta de 400 anos, muito rara, pois essa árvore era a mais cobiçada por madeireiros pelo seu alto valor comercial.  


Longevidade faz da canela-preta uma "testemunha" da história moderna

Nas fotos abaixo, três exemplares de canela-preta, em diferentes idades, dão uma ideia de como deveria ser a árvore de nossa reportagem na época em que ocorreram fatos marcantes da história de Florianópolis, do Brasil e do Mundo. 

Uma canela-preta com 30 anos de idade, que parece um arbusto.

aos 30 anos de idade 

Quando Taj Mahal foi concluído, na Índia, em 1649, a canela-preta seria mais parecida com um arbusto, que atingia a altura da cintura de um adulto e com um caule mais fino do que um dedo, como o exemplar da foto acima, com cerca de 30 anos de idade. 

Duas árvores de grande porte formam um portal natural. Entre ela, um homem aponta a da direita para indicar que esta é uma canela-preta.

cerca de 200 anos

Quando foi inventada a locomotiva a vapor, na Inglaterra, em 1814, a canela-preta deveria ter o tamanho aproximado deste exemplar, de cerca de 200 anos de idade, com um tronco com a largura equivalente a de um homem adulto.

Canela-preta de 400 anos. a imagem mostra a base de uma árvore muito larga, com três homens tentando abraçá-la.

aos 400 anos 

Na foto, a canela-preta de nossa reportagem, com aproximadamente 400 anos. Três adultos não conseguem abraçar esta árvore, que "presenciou" desde a chegada de europeus em barcos a vela até as primeiras viagens do homem ao espaço.


Linha do tempo

Veja alguns fatos históricos dos quatro séculos de vida da canela-preta.


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