Análises de resíduos de agrotóxicos e ativos veterinários devem atingir mil amostras por ano
A Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa Souza, Coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor (CCO), do Ministério Público do Estado de Santa Catarina (MPSC), anunciou, em Santo Amaro da Imperatriz, a aprovação de projeto apreciado pelo Fundo para a Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), o qual permitirá, em 2018, a expansão das análises laboratoriais de resíduos de agrotóxicos a produtos de origem animal e derivados e na água tratada, abrangendo assim as atividades relacionadas a programas do MPSC na área animal (POA) e na água.
Estima-se em mil análises de monitoramento por ano o total a ser atingido. De 2010 a 2017, as análises no âmbito do Programa Alimento Sem Risco (PASR) foram direcionadas a hortaliças, frutas e grãos. Em 2018, além dos agrotóxicos, serão pesquisados ativos veterinários nos produtos de origem animal e derivados, de modo a verificar, no plano estadual, a conformidade legal de antimicrobianos, anticoccidianos, antiparasitários e anti-inflamatórios usados em animais. O projeto também tem a cooperação da CIDASC e do Ministério da Agricultura (MAPA).
De acordo com a Promotora de Justiça, de 2010 até junho de 2017 o CCO já verificou, em parceria com a CIDASC e Vigilância Sanitária Estadual, perto de 2.500 análises de resíduos de agrotóxicos em produtos de origem vegetal, no âmbito do PASR. Como resultado, o percentual de produtos vegetais fora da conformidade caiu de 34,5% do total para 18,2%. Os dados das análises indicam, contudo, que há espaço para redução mais significativa desse índice se o conjunto de medidas adotadas pelas Promotorias de Justiça, com o apoio da CIDASC, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (EPAGRI), do Ministério da Agricultura (MAPA), da Centrais de Abastecimentos (CEASA), da Vigilância Sanitária e das entidades que representam os agricultores, como a FETAESC, e os varejistas, como a Associação Catarinense de Supermercados (ACATS), for absorvido e implementado com maior celeridade no meio rural.
Na opinião do médico Pablo Moritz, do Centro de Informações Toxicológicas (CIT), se todo o uso de agrotóxicos fosse interrompido imediatamente as gerações atuais e as próximas continuarão a sentir seus efeitos na forma das mais diversas doenças como depressão, má formações congênitas, alguns tipos de câncer, transtornos da imunidade e alterações na reprodução humana. O relato, amparado em pesquisas científicas, demonstrou que as práticas de uso intensivo de produtos químicos no campo estão lentamente acabando com a saúde dos agricultores e de todos os consumidores de produtos de origem vegetal e animal, muitas vezes sem a percepção dos riscos associados, além dos efeitos diretos no meio ambiente e na contaminação das águas e do solo.