Um esquema de tráfico de drogas e associação para o tráfico obteve um capitulo final em Xanxerê. A Justiça acolheu o pedido do MPSC e condenou os réus, uma mulher e dois homens, a penas que variam de 8 a 15 anos de reclusão, em regime inicial fechado, além da imposição de milhares de dias-multa. 

De acordo com o processo, entre os meses de junho e agosto de 2024, uma associação criminosa dedicada ao tráfico de drogas atuou no bairro Colatto, em Xanxerê. Três pessoas estavam envolvidas, com funções distintas e bem definidas: um dos réus fazia a venda e o preparo das drogas; outro fazia as entregas e atuava como olheiro; a mulher gerenciava os pagamentos e cobranças, inclusive utilizando seu próprio celular para atender clientes via WhatsApp. 

O grupo operava a partir de uma residência que foi monitorada pelas Polícias Civil e Militar. O local apresentava intensa movimentação de usuários. As drogas eram preparadas e embaladas no interior da casa e as entregas eram feitas nas proximidades ou na própria residência. Parte do lucro era utilizada em benefício dos envolvidos. 

No dia 9 de agosto de 2024, uma ação conjunta das forças de segurança resultou na prisão em flagrante dos três réus. Na ocasião, um usuário foi abordado logo após sair da residência e confirmou ter comprado cocaína no local. Com isso, os policiais ingressaram no imóvel, onde encontraram porções fracionadas de maconha e cocaína, três balanças de precisão, dinheiro em espécie e materiais usados na embalagem dos entorpecentes. Um dos envolvidos tentou avisar os demais sobre a chegada da polícia, e a droga chegou a ser jogada pela janela numa tentativa de ocultação. No momento da abordagem, inclusive, a mulher escondia 32 pinos de cocaína dentro do sutiã. 

As investigações também revelaram que a ré integrava uma organização criminosa armada com atuação em todo o estado. Um vídeo extraído do celular dela, em que ela se identificava como integrante da facção, foi determinante para comprovar sua ligação com o grupo criminoso. Além da prisão, foram apreendidos os celulares dos envolvidos, que continham provas de vendas anteriores e da estruturação do esquema, evidenciando o envolvimento direto com o tráfico de drogas e com o crime organizado. 

Cabe recurso da sentença, mas a Justiça negou a dois réus o direito de recorrer em liberdade e eles seguem presos preventivamente. Já o terceiro, o olheiro, poderá interpor recurso em liberdade.

Entenda como funcionava o esquema criminoso

Primeiro réu: 

Era o chefe operacional do esquema. Era responsável por armazenar, fracionar, embalar e vender drogas diretamente a usuários. Recebia os pagamentos, coordenava o fluxo e usava inclusive tornozeleira eletrônica enquanto exercia a atividade criminosa. Foi condenado a 13 anos de reclusão e 15 dias de detenção, em regime inicial fechado, e ao pagamento de 1.710 dias-multa, cerca de R$ 80 mil, por tráfico de drogas, associação para o tráfico e desobediência.   

Segundo réu (companheira do primeiro réu): 

Atuava no gerenciamento e no apoio logístico. Era responsável por cobrar clientes e confirmar pagamentos. Também foi identificada como integrante de organização criminosa, por meio de mensagens e vídeos encontrados em seu celular. Foi sentenciada a 15 anos e seis meses de reclusão, em regime inicial fechado, e ao pagamento de 1.225 dias-multa, aproximadamente R$ 58 mil, pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa.   

Terceiro réu (usuário e amigo do casal): 

Era olheiro. Avisava o casal sobre a aproximação da polícia e, segundo provas testemunhais, também fazia entregas de drogas em algumas ocasiões. Apesar de alegar ser apenas usuário, foi flagrado com entorpecente adquirido minutos antes e com movimentações compatíveis com atividades do tráfico. Foi condenado a oito anos e 10 meses de reclusão, em regime inicial fechado, por tráfico de drogas e associação para o tráfico, e ao pagamento de 1.283 dias-multa, cerca de R$ 60 mil.