O município de Riqueza, no Extremo Oeste do estado, figura entre os dez municípios com maiores índices proporcionais de violência doméstica em Santa Catarina. O dado consta no levantamento "Índices de Violência contra a Mulher no Estado de Santa Catarina - Ano 2024", do Tribunal de Justiça catarinense (TJSC), que aponta uma taxa de 17,37 casos por mil habitantes.
Diante desse cenário, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o Judiciário e as Prefeituras de Mondaí, Riqueza e Iporã do Oeste, com a colaboração da Polícia Civil, da Polícia Militar e da OAB local, se uniram para estruturar medidas conjuntas de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher. A instalação do Comitê "Por Elas" e a assinatura de um termo de cooperação, na última sexta-feira (15/8), consolidam essa articulação regional.
"Além de instituir o Comitê 'Por Elas', alusivo ao Agosto Lilás, foi apresentado o 1º Relatório Técnico Avaliativo do grupo reflexivo para homens em situação de violência desenvolvido desde 2023. Também definimos as próximas frentes de trabalho do comitê: elaboração de políticas públicas de prevenção à violência doméstica, ampliação das informações às vítimas e à comunidade e a consolidação e expansão dos grupos reflexivos na comarca", afirmou a Promotora de Justiça Priscila Rosário Franco.
Durante a apresentação do relatório, a Assistente Social do TJSC Cilene Kosmann destacou que a criação dos grupos reflexivos para homens em Mondaí foi uma resposta ao aumento do número de medidas protetivas de urgência, especialmente em 2023. O diagnóstico apontou uma lacuna tanto no atendimento às vítimas quanto na oferta de programas voltados aos autores, o que levou a equipe a buscar formação específica e a implementar, ainda em 2023, a primeira turma. Nos dois primeiros anos do projeto (2023-2024), foram quatro turmas, com 30 homens atendidos, 21 com conclusão integral dos encontros e apenas dois casos de reincidência.
"Observamos um aumento significativo nas medidas protetivas, sobretudo em 2023, e identificamos uma lacuna tanto no atendimento às vítimas quanto em programas para autores. Buscamos formação específica e, em 2023, implementamos o primeiro grupo. Entre 2023 e 2024, realizamos quatro turmas, com 30 homens atendidos; 21 concluíram 100% dos encontros e registramos apenas dois casos de reincidência", enfatizou.