O Dia Nacional da Adoção, comemorado em 25 de maio, marca o lançamento da segunda etapa da campanha Adoção - Laços de Amor, desenvolvida em parceria pela Assembleia Legislativa, Ministério Público, OAB/SC e Tribunal de Justiça, via Corregedoria Geral de Justiça. Criada com o objetivo de reduzir o número de crianças e adolescentes acolhidos em instituições do estado, a campanha entra em seu segundo ano com novos assuntos e desafios relacionados ao tema.

Para o presidente da Assembleia, deputado Gelson Merisio (PSD), o primeiro ano da campanha trouxe resultados positivos, como o aumento de 2,2% do número de crianças aptas à adoção no Estado e com 18% dos pretendentes que aceitaram adotar crianças mais velhas. "Os catarinenses se envolveram profundamente com a campanha, transformando-se em exemplo para todo o país. Iniciamos esta segunda etapa entusiasmados com a grande aceitação popular", destaca Merisio.
Os últimos dados divulgados pelo Tribunal de Justiça apresentam um total de 3.584 pretendentes à adoção inscritos no cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo de Santa Catarina (CUIDA) e 1.636 crianças e/ou adolescentes acolhidos. Destas crianças, apenas 10% estão efetivamente em condições de adoção, já destituídas do poder familiar. Segundo o desembargador Vanderlei Romer, Corregedor Geral de Justiça e presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA), o processo de adoção não é demorado nem tão burocrático. "O entrave se dá porque as pessoas fazem muitas escolhas em relação à criança que querem como filho. Muitos parecem procurar por um produto". Por isso, uma das ações deflagradas a partir da próxima semana pela campanha Adoção - Laços de Amor será o contato com os inscritos para adotar sensibilizando para a ampliação do perfil de filho, como crianças mais velhas, com necessidades especiais e grupos de irmãos. Hoje, muitos cadastrados indicam interesse por crianças de até três anos, idade inferior a maioria das crianças aptas à adoção.

O Poder Judiciário e o Ministério Público estaduais estão engajados para garantir maior agilidade nos processos, e a sensibilização social acontece através da divulgação de histórias reais, visando flexibilizar os planos de futuros pais e mães, ampliando seu olhar para crianças mais velhas e adolescentes. A capacitação de profissionais e a formação de equipes multidisciplinares fazem parte das ações do Tribunal de Justiça. O desembargador Romer acredita que estas ações, em união com o engajamento do Poder Executivo estadual e municipal, podem mudar a realidade vigente e otimizar o processo. "As pessoas que atuam em instituições de acolhimento precisam ser preparadas para atender crianças e pretendentes. O Executivo tem que mudar sua visão de que está tudo certo com uma criança que está abrigada e tem comida. Elas precisam de muito mais, de atendimento psicológico, de afeto, de autoestima", afirma.

A devolução de crianças, principalmente as maiores, é um dos grandes desafios a ser enfrentado. Através de um programa de atendimento às famílias cadastradas para adotar, o TJSC desenvolve cursos e busca recursos para um monitoramento das famílias e avaliação contínua. Conforme a promotora de Justiça Priscila Linhares Albino, "para adotar uma criança, é necessário sentir um desejo profundo de ter filhos. Não se pode confundir com a vontade de ajudar uma criança ou suprir uma carência da vida. Não é esse sentimento que você deve ter, é amor de mãe ou pai. Afinal, o amor é construído a cada dia, assim como a maternidade também."