;

Após ações do MPSC, Justiça determina suspensão de atividades poluidoras no rio São Lourenço em Mafra

Os envolvidos são acusados de lançar efluentes com alto teor de poluentes no rio, afetando o ecossistema local. 

10.11.2025 15:49
Publicado em : 
10/11/25 06:49

No final do mês de outubro, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ajuizou quatro ações civis públicas, todas com pedido de liminar, contra a CELESC Geração S/A, responsável pela operação da CGH São Lourenço; o Serviço de Limpeza Urbana de Mafra (SELUMA); a JBS/SEARA Alimentos Ltda.; o Município de Mafra; o Estado de Santa Catarina; e o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), visando à cessação imediata das atividades poluidoras na região. 

Alguns dias após ingressar com as ações, a Justiça catarinense deferiu liminares em três das ações civis públicas ajuizadas pela 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mafra, determinando medidas emergenciais contra a SELUMA, JBS e CELESC, apontadas como responsáveis pela degradação ambiental no rio.  

O que foi determinado na decisão judicial 

Ao conceder as tutelas de urgência, a Justiça determinou que o SELUMA suspenda imediatamente o lançamento de efluentes em desacordo com a legislação, implemente um plano emergencial de contingência ambiental e apresente uma avaliação atualizada dos parâmetros de fósforo e nitrogênio. O descumprimento pode acarretar multa de R$ 100 mil por infração. 

A JBS/SEARA Alimentos Ltda., com filial em Itaiópolis, deverá suspender as atividades poluidoras, apresentar um plano de contingência e comprovar o cumprimento das condicionantes ambientais, sob pena de multa de até R$ 1 milhão por documento técnico que comprove a persistência da contaminação. 

Já para a CELESC, a decisão judicial determinou que a companhia realize, em até 30 dias, a retirada mecânica da Salvinia molesta e implemente um plano de monitoramento ambiental, sob pena de multa de R$ 100 mil. O Juízo da 2ª Vara Cível de Mafra destacou que a sociedade de economia mista deve agir para mitigar os impactos da eutrofização, processo causado pelo excesso de nutrientes como fósforo e nitrogênio, que leva à morte de espécies aquáticas por falta de oxigênio. 

A Promotora de Justiça Rayane Santana de Freitas ressaltou que “a situação do Rio São Lourenço exige resposta imediata e coordenada dos órgãos ambientais e das empresas envolvidas. A emissão irregular de resíduos não pode ser tolerada, mesmo diante da existência de licenças ambientais. O princípio do poluidor-pagador exige que os custos da degradação sejam arcados por quem os provoca. A responsabilidade ambiental é objetiva, e os danos já constatados exigem medidas eficazes para restaurar a qualidade da água e preservar o ecossistema local”. 

Entenda o caso 

As ações têm como base o Inquérito Civil n. 06.2025.00004464-9 e buscam responsabilizar os envolvidos por danos ambientais, sociais e morais coletivos. Elas foram ajuizadas após denúncias e análises técnicas que apontaram contaminação hídrica significativa, com níveis de coliformes termotolerantes e nutrientes muito acima dos limites legais estabelecidos pela Resolução CONAMA n. 357/2005. O MPSC destaca que as análises da Polícia Militar Ambiental (PMA), CODEPLAN e do IMA também indicaram que todos os pontos avaliados no entorno da represa apresentaram desconformidade microbiológica, inviabilizando o uso da água para abastecimento ou recreação sem tratamento adequado. 

O cenário no rio começou a chamar atenção na virada de 2025, quando a imagem do reservatório da Usina São Lourenço, em Mafra, estava coberta por um “tapete verde”. Uma vistoria conjunta da PMA e do Consórcio de Desenvolvimento Econômico do Planalto Norte (CODEPLAN/AMPLANORTE) mapeou a presença maciça da espécie Salvinia molesta, uma planta aquática exótica invasora. Sua presença está diretamente associada à alta carga de nutrientes, especialmente fósforo e nitrogênio, lançados no rio por efluentes industriais e sanitários. 

Denuncie
Se você presenciar ou tiver conhecimento de práticas que estejam poluindo o meio ambiente, é importante denunciar. Procure uma Promotoria de Justiça com atribuição na área do Meio Ambiente da sua comarca para registrar a denúncia diretamente ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

O fato também pode ser registrado na Ouvidoria do MPSC, pelo e-mail ouvidoria@mpsc.mp.br ou pelos telefones (48) 3229-9306 ou 127, das 9h30 às 19h.

As denúncias também podem ser feitas ao Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), pelos telefones (48) 3665-4167 / (48) 98843-3802, ou pelo e-mail ouvidoria@ima.sc.gov.br.

Junto à Polícia Militar Ambiental, o contato pode ser feito pelo número 190 (emergência) ou diretamente pelo telefone (48) 3665-4100.

Outro órgão para registrar a denúncia é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por meio da Linha Verde: 0800 61 8080 (atendimento 24 horas).

Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC - Correspondente regional em Joinville