O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) obteve a condenação de 19 integrantes de uma facção criminosa que agia na região serrana catarinense. As penas aplicadas variam de 9 a 18 anos de prisão. Os réus estavam entre os 53 investigados pela Operação Strike, que desbaratou duas organizações criminosas estabelecidas em Bom Retiro que disputavam o tráfico de drogas na região.

Os 53 investigados foram denunciados pela Promotoria de Justiça da Comarca de Bom Retiro, como resultado da Operação Strike, deflagrada em agosto de 2019 para cumprir 53 mandados de prisão preventiva 69 de busca e apreensão expedidos a pedido do MPSC e da Polícia Civil. Mais de 200 policiais civis e militares participaram da operação.

Dos 53 denunciados pelo Ministério Público, estes 19 são os primeiros a serem condenados pela Justiça. Outros quatro respondem a ações separadas, por não terem sido encontrados na ocasião da operação. Além disso, após as alegações finais dos réus e do Promotoria de Justiça da Comarca de Bom Retiro, o Juízo da Comarca dividiu os remanescentes em dois grupos para prolatar a sentença.

Os 19 integrantes de uma das facções foram condenados pelos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas, cujas penas foram aumentadas por conta do uso de arma de fogo, conexão com outra organização criminosa e utilização de adolescentes para o cometimento dos crimes.

As penas aplicadas variam de 9 a 18 anos de reclusão, sempre em regime inicial fechado. O líder da facção recebeu a maior pena: 18 anos, 4 meses e 13 dias de reclusão. Os réus também foram condenados ao pagamento de multas que somam cerca de R$ 450 mil. A decisão é passível de recurso, mas, presos preventivamente desde a realização da Operação Strike, os réus não poderão apelar da sentença em liberdade.

Esse é considerado um dos processos mais complexos em tramitação na unidade judicial pela quantidade de pessoas envolvidas. Na fase de instrução e julgamento, feita em 15 dias, 400 testemunhas prestaram depoimento - oito de acusação e as demais de defesa. Ao todo, a ação tem cerca de 11 mil páginas. Somente a alegação final do Ministério Público contém mais de 900 páginas. (Ação n. 0000498-65.2019.8.24.0009)

A Operação Strike

A Operação Strike foi deflagrada em agosto de 2019 para cumprir ordens judiciais de prisão preventiva e de busca e apreensão nas cidades de Bom Retiro, Alfredo Wagner, Lages, Palhoça, São José e Ituporanga.

A ação com o pedido dos mandados teve origem em um procedimento investigatório criminal da Promotoria de Justiça da Comarca de Bom retiro e em um inquérito policial, que, concomitantemente, apuraram e mapearam o tráfico de drogas na região.

De acordo com o Promotor de Justiça Francisco Ribeiro Soares, que na época respondia pela Promotoria de Justiça de Bom Retiro, com as investigações foi possível identificar uma série de infrações penais executadas de forma estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, apurando a existência de duas organizações criminosas rivais que exploravam o tráfico de drogas na região.