Imóveis utilizados para o tráfico de drogas são passíveis de desapropriação
Na cidade de Balneário Camboriú, os moradores cujas casas se destinam para o comércio de drogas foram alertados pelo MPSC do desvio da função social do imóvel
Em Balneário Camboriú, o Ministério Público estadual
instaurou Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para identificar dos
possuidores ou proprietários de imóveis que permitem que suas casas sejam
usadas para a prática do crime de tráfico de drogas.
Segundo o Promotor de Justiça José de Jesus Wagner, autor do
PIC, o local com maior incidência desse tipo de crime está no Bairro dos
Municípios, no perímetro composto pelas ruas Corupá, Campo Erê, Bom Retiro e
adjacências, que passou ser conhecido pelos moradores como "Cracolândia".
"Esta situação é facilmente perceptível, devido o grande
número de usuários e de traficantes que circulam pelas vias públicas em plena
luz do dia e que se valem de alguns imóveis para se esconderem e guardarem
drogas, esquivando-se das ações policiais. Essas casas e quitinetes são
chamadas de "biqueiras" ", explica Wagner.
A apuração está sendo desenvolvida conjuntamente com o 12º
BPM. Moradores foram identificados e depois de catalogados foram intimados a
comparecer na 1ª Promotoria de Justiça, quando foram conscientizados das graves
consequências devido o desvio da função social dos imóveis.
O mau uso dos imóveis pelos possuidores e proprietários
caracteriza uma flagrante violação à Constituição da República, pois vários
dispositivos (arts. 5º inciso XXIII, 182 e 186) determinam que a propriedade
deve cumprir uma função social, deste modo, pessoas que toleram ou permitem que
seus imóveis sejam destinados para a prática de crimes devem sofrer sanções
legais, como por exemplo: desapropriações.
Durante a coleta de informações, apurou-se que muitos
moradores não são os verdadeiros proprietários dos imóveis e sim o próprio
Município, cuja omissão contribui para a caótica situação de insegurança
pública nesse local.
Segundo o Promotor Wagner, haverá contato com a
Administração Municipal, a fim de se buscar uma atuação conjunta, pois existem
imóveis invadidos e em estado de abandono, bem como terrenos sem muros,
iluminação pública deficiente - fatores esses que contribuem para o estado de
insegurança que aflige boa parte da população que mora na região.
As próximas fases do Procedimento Investigatório Criminal
(PIC) priorizarão o monitoramento das
ocorrências envolvendo o tráfico de drogas na região e a busca de medidas
conjuntas com o Executivo Municipal e Polícia Militar com o objetivo de
melhorar a segurança pública naquela área.