;

GAECOs de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul alinham estratégias de integração e enfrentamento ao crime em encontro em Florianópolis

Forças-tarefas se reuniram nesta quinta-feira (6/11) em evento sediado pelo MPSC para aprimorar trabalhos técnicos contra as organizações criminosas e intensificar investigações articuladas entre os três estados do Sul. 

06.11.2025 17:38
Publicado em : 
06/11/25 08:38

Com o objetivo de alinhar e fortalecer estratégias de integração, os Grupos de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECOs) de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul se reuniram nesta quinta-feira (6/11), em Florianópolis, no 1º Encontro dos GAECOs do Sul do Brasil. No evento, sediado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Procuradores e Promotores de Justiça, policiais e servidores das forças-tarefas trataram de temas diretamente ligados à sociedade, elencando ações prioritárias como o enfrentamento conjunto à parte financeira do crime e a retomada da soberania de comunidades conflagradas pela presença de facções criminosas nos três estados.

Conduzido pelo MPSC, o GAECO é composto pelas Polícias Civil, Militar e Penal, pela Receita Estadual e pelo Corpo de Bombeiros Militar. A proposta do evento, promovido pela Coordenadoria Estadual do GAECO do MPSC, foi unir as equipes de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul para debater conhecimentos técnicos, realidades e objetivos comuns a fim de aprimorar a atuação.

A Procuradora-Geral de Justiça do MPSC, Vanessa Wendhausen Cavallazzi, disse aos participantes que a mobilização sediada pelo MPSC tem um papel importantíssimo no contexto do enfrentamento à criminalidade.

"Os últimos fatos acontecidos no país, especificamente no Rio de Janeiro, revelam a importância do combate profícuo e efetivo às organizações criminosas. Este encontro revela um momento de oportunidade, não só de troca de informações e de expertise, mas sobretudo de localização objetiva de investigações que podem ser realizadas de forma conjunta pelos GAECOs dos três estados”, salientou. A Procuradora-Geral de Justiça completou falando de avanço: “Desejamos investigações articuladas, que alcancem essas organizações de ponta a ponta, desde a sua gênese, desde transportes de drogas até a lavagem de dinheiro, e é nisso que nós vamos evoluir”, disse.

O Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos e Coordenador-Geral do GAECO em Santa Catarina, Andreas Eisele, destacou a importância da atuação do GAECO perante a sociedade e pontuou a excelência do trabalho que tem sido desenvolvido. “Esse encontro, não só pelo aspecto técnico, mas pela troca de informações, pela atualização de dados de qualquer natureza e fundamentalmente pelo contato pessoal e relacionamento que proporcionam, tem valor imensurável a todos”, definiu.

"Finanças do crime e enfrentamento às facções”

Uma das propostas discutidas envolveu metodologias de atuação entre os GAECOs do Sul. O Coordenador Estadual do GAECO em Santa Catarina, Promotor de Justiça Wilson Paulo Mendonça Neto, pontuou que esse trabalho já vem acontecendo e será aprimorado.

“Discutimos estratégias integradas entre os Ministérios Públicos do Sul do Brasil, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, e formas de trabalhar com metodologias para atacarmos a finança do crime e ampliarmos, por exemplo, o enfrentamento à lavagem de dinheiro, cada qual com as suas diferenças e peculiaridades. Focamos as discussões também na retomada da soberania nas comunidades mais afetadas pelas facções criminosas. Isso existe em vários estados, infelizmente, e a nossa ideia é trabalhar a melhor maneira de retirar esse ciclo de violência e trabalhar a retomada dessas comunidades protegendo as pessoas vulneráveis”, disse.

A programação abordou no primeiro painel “A importância da integração e atuação conjunta dos GAECOs” com uma apresentação do Conselheiro Nacional do Ministério Público, Presidente da Comissão de Preservação da Autonomia do Ministério Público e ex-Procurador-Geral de Justiça do MPSC, Promotor de Justiça Fernando da Silva Comin.

Em sua fala, Comin enalteceu a iniciativa e apontou a união de esforços dos GAECOs como modelo na obtenção de resultados. “Só um trabalho conjunto de união de estados e as forças policiais que representam essas pessoas jurídicas de direito público e os Ministérios Públicos, junto com o Judiciário, pode ser capaz de trazer resultados concretos nesse momento tão importante de reafirmação da presença da força do Estado no nosso dia a dia, trazendo paz à sociedade brasileira”, reforçou.

 

Melhorias nas estruturas e nos resultados

O Coordenador Estadual do GAECO do Paraná, Procurador de Justiça Cláudio Rubino Zuan Esteves, também considerou essencial a busca pelo fortalecimento conjunto contra facções criminosas e relatou que o encontro trará oportunidades de aprimoramento. “A ideia foi debater esses conceitos do próprio GAECO, por exemplo, o conceito que cada estado aplica, e encontrar aquilo de bom que Santa Catarina e o Rio Grande do Sul já têm exercido ou empenhado no seu trabalho para que possamos aplicar também no Paraná e, eventualmente, trazer alguma contribuição do Paraná para os outros estados”, disse.

Ao longo do dia, houve apresentações sobre as estruturas e o funcionamento de cada GAECO. Para o Coordenador do GAECO do Rio Grande do Sul, Promotor de Justiça André Dal Molin, o evento trará possibilidades de evoluções a cada estrutura e melhorias em eficiência e de resultados à população. “Por que a integração dos três estados? Obviamente que a posição geográfica de cada um deles traz alguns problemas que são do cotidiano e muito parecidos, como algumas facções criminosas, a habitualidade dessas facções criminosas atuando nesses três estados, mas também é importante que, por serem estados parceiros, irmãos, se descubra em cada um desses GAECOs o que se tem de melhor para que possamos também replicar no nosso estado do Rio Grande do Sul”, afirmou.

Interlocução e cooperação

Os participantes compartilharam resultados e alinhamentos de operações e apoios interestaduais. Os GAECOs do Sul trataram também sobre capacidades institucionais e modelos de atuação, diferenças, lacunas e possibilidades de harmonização, o enfrentamento às facções nos três estados, bem como debateram casos práticos e propostas de interlocução e cooperação, como a assinatura de futuros acordos técnicos.

Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC