"Em setembro para os agricultores é tempo de plantar. Para nós, em relação ao jardim botânico é tempo de colher. E isso só foi possível porque essa ideia embrionária foi encampada pelo Município, pela Associação Ambiental Pimentão, pela Universidade do Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI), e coube ao Ministério Público apenas regar essa ideia", disse o Promotor de Justiça Adalberto Exterkötter, na cerimônia de inauguração do Jardim Botânico de Rio do Sul.

A data tem um significado histórico e especial, porque marca um legado ao meio ambiente da região com a abertura para o público em 21 de setembro, dia que se comemora o Dia da Árvore. Numa área de 20 hectares, o espaço foi estruturado com recurso de R$1,3 milhão destinado pelo Ministério Público catarinense, após um acordo com a Companhia Catarinense de Água e Saneamento (CASAN), para pagamento de danos ambientais causados na região. A quantia investida reflete no retorno da preservação da fauna e no potencial ecológico da região.

"Nós sempre incentivamos projetos que entendemos que digam respeito ao meio ambiente. E surgiu a oportunidade de apoiarmos uma ideia que foi desenvolvida inicialmente pelo Município, pela Associação Ambientalista Pimentão e pela UNIDAVI. Então nós entendemos que era um projeto espetacular, e por isso alocamos recursos de danos ambientais para o desenvolvimento do projeto. Foi a possibilidade do projeto se desenvolver, e hoje estamos colhendo os frutos do que foi plantado há três anos", completa o Promotor de Justiça.

Pelas trilhas, nos mirantes, cachoeira, e viveiros de bromélias e orquídeas, uma coleção com 100 espécies de cactos, e suculentas como o cordão de golfinho. São mais de 300 espécies da mata nativa, como palmiteiros, guarapuvu, os 13 tipos de palmeiras existentes em Santa Catarina, canela-sassafrás, além de imponentes araucárias, que batizam um dos mirantes do local. A estrutura proporciona uma integração com o investimento na ecologia.

"Nesse dia tão emblemático, que é o Dia da Árvore, ganhar um presente desse é muito importante. São tão poucos jardins botânicos no estado e em todo o Brasil. É um espaço para todos que podem se contemplar com tantas belezas naturais, e após as intervenções realizadas fazer coleções temáticas. Para o pessoal que gosta de plantas, vai ficar encantado", explica Robson Carlos Avi, Presidente da Associação Ambientalista Pimentão.

O advogado Marcelo Pereira veio com o filho para conferir a nova atração da cidade."Nós moramos no bairro, e estamos esperando pela inauguração. É um incentivo para preservação ambiental, para passeio com a família, aproveitar o espaço, fazer caminhada. Meu filho gostou bastante, porque ele adora fazer trilha", completa.

O antigo casarão que tinha na propriedade vai funcionar como sede e espaço para exposições. Na inauguração, a pesquisadora Lenir Alda do Rosário, que pesquisa as aves catarinenses, trouxe uma coleção de gravuras de pássaros do estado. Os alicerces do Jardim Botânico estão baseados em três eixos de atuação: lazer, educação ambiental, e pesquisa científica. No local foi construído um centro de educação ambiental que é umas das premissas do investimento.

"Nós temos um lema que é tornar o bairro mais belo e seguro de Rio do Sul. Já incentivamos os moradores ao paisagismo nos seus imóveis, é com essa inauguração, com a conscientização ecológica, atrelada ao turismo, faz com que o bairro ganhe nesse sentido".

Entenda o acordo judicial que possibilitou o aporte de recursos para o jardim botânico

Em 12 de dezembro de 2022, em audiência de conciliação na Vara da Fazenda Pública, Acidentes do Trabalho e Registros Públicos da Comarca de Rio do Sul, foi fechado um acordo entre o MPSC e a Casan, que se comprometeu a construir, até novembro de 2025, uma nova estação de tratamento de água para atender a região.

Além disso, a tubulação de amianto remanescente utilizada para distribuição de água à população deverá ser totalmente substituída até dezembro de 2024. Na homologação do acordo, também estava prevista a quantia de R$1.302.515,85 de indenização por dano coletivo, o que tornou possível a estruturação do primeiro jardim botânico do Alto Vale do Itajaí.