27.05.2008

Uma campanha contra a banalização da corrupção

Considerar a corrupção como um comportamento banal e aceitável é o primeiro passo rumo à impunidade. O princípio que norteia o projeto "O que você tem a ver com a corrupção?"  foi apresentado no seminário sobre licitações, pelo Promotor de Justiça Affonso Ghizzo Neto.
Considerar a corrupção como um comportamento banal e aceitável é o primeiro passo rumo à impunidade. O princípio que norteia o projeto "O que você tem a ver com a corrupção?" foi apresentado na palestra de encerramento do primeiro dia do seminário "Licitações - Aspectos Práticos na Identificação de Fraudes" pelo Coordenador do Centro de Apoio Operacional do Controle de Constitucionalidade, Promotor de Justiça Affonso Ghizzo Neto.
O projeto - que se originou na campanha de mesmo nome lançada em 2004 em Chapecó - foi encampado pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais (CNPG) e pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP) este ano e tornou-se nacional. Ghizzo Neto, idealizador da campanha, é hoje o coordenador do projeto. Ele explicou que a fundamentação teórica do projeto tem origem nos estudos da cientista política alemã Hannah Arendt, criadora da teoria da banalização do mal.
Segundo o Promotor de Justiça, a pesquisadora alemã contestava veementemente a idéia muito comum - e apresentada como argumento de defesa de criminosos de guerra nazistas - de que o indivíduo acaba se conformando e aceitando como normais comportamentos e ideologias propagados de forma massiva. Assim como, na Alemanha de Hitler, o nazismo foi difundido de forma hegemônica e acabou sendo incorporado pela sociedade praticamente sem contestação, a corrupção, na sociedade brasileira de hoje, é admitida como um costume tolerável.
O brasileiro, ao aceitar isso sem nenhum tipo de resistência, explicou Ghizzo Neto, corre os mesmos riscos que os alemães durante o regime nazista: "O cidadão comum acabava tolerando atos bárbaros, como o extermínio de judeus, justamente porque tornaram-se rotineiros e impunes. No Brasil, hoje, o senso comum de que a corrupção é um crime sem punição pode gerar o mesmo ambiente, e corre-se o risco de se aceitar este comportamento como algo inevitável, como uma forma de sobrevivência."
O espírito da campanha é justamente mostrar a importância de cada um combater a corrupção a partir de atitudes individuais, agindo de acordo com a sua consciência e sem se deixar levar pela idéia de que "se o outro fez assim e se deu bem, porque eu não posso fazer a mesma coisa?"
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Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC