Refletir para transformar: Projeto do MPSC promove conscientização entre autores de violência doméstica em São Lourenço do Oeste
Homens autores de violência doméstica que possuem medidas protetivas de urgência em seu desfavor têm recebido, em São Lourenço do Oeste, uma oportunidade de reflexão e mudança de comportamento. Trata-se do projeto "Violência nunca mais", desenvolvido pela 2ª Promotoria de Justiça da comarca desde agosto de 2024 e que tem o objetivo de promover a conscientização e a responsabilização dos agressores, por meio de encontros semanais conduzidos por uma equipe multidisciplinar. A gestão é compartilhada com a Assistente Social Forense Simone Zazerka Bavaresco e com a Psicóloga Flávia Sanagiotto, além de contar com o apoio direto da estagiária do Ministério Público Gabriela Polleti de Macedo.
O Promotor de Justiça responsável pelo projeto, Mateus Minuzzi Freire da Fontoura Gomes, explica que os três municípios da comarca, Jupiá, Novo Horizonte e São Lourenço do Oeste, aderiram à iniciativa, que vem sendo aprimorada a cada nova turma. "Já estamos na segunda e notamos resultados positivos, homens que reconhecem e agradecem a oportunidade em participar do projeto, entendendo as consequências da violência e os motivos que provocaram as suas condutas", avalia.
João da Silva, nome fictício, participou da primeira turma do projeto e relata que o grupo o ajudou muito a perceber as consequências dos seus atos. "Foi bem proveitoso. Os palestrantes explicaram bem como funcionam as leis, o que é certo e o que é errado... Esse grupo já me ajudou e, para a frente, também vai ajudar muita gente. É uma iniciativa que vai dar certo", diz.
A expectativa, ressalta o Promotor de Justiça, é que os reflexos do projeto se estendam para além dos participantes diretos. A proposta é que os homens impactados pelas reflexões e vivências do grupo se tornem multiplicadores do que aprenderam, contribuindo para uma cultura de respeito e não violência. "Esperamos que o resultado seja observado em nossa comunidade, com a diminuição dos casos de violência doméstica e familiar, e para que os homens possam difundir o que aprenderam aos seus familiares, colegas e amigos. O resultado no primeiro grupo já foi importante, sem reincidência até o momento", conclui.
Como funciona o projeto?
A iniciativa é amparada pelo artigo 22 da Lei Maria da Penha, que prevê a participação obrigatória dos autores de violência em grupos reflexivos, sempre que determinado pelo Poder Judiciário. Em São Lourenço, o projeto tem contribuído não apenas para o cumprimento dessa exigência legal, mas para a efetiva transformação de comportamentos, com resultados já perceptíveis na comunidade.
Cada turma do projeto é composta por aproximadamente 20 participantes, número estabelecido para garantir o aprofundamento das discussões e a qualidade do acompanhamento oferecido. Ao longo de 10 encontros semanais, com duração média de 1h30 cada, os participantes são conduzidos por reflexões sobre temas relacionados ao direito e ao autoconhecimento.
Os encontros são ministrados pela psicóloga responsável pela proposta pedagógica do projeto, com apoio da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Assistência Social. A cada semana, um novo tema é explorado, conforme o eixo definido - jurídico ou psicológico -, buscando provocar a reflexão, ampliar a consciência e auxiliar os participantes a reconhecerem os gatilhos e motivos que os levaram à prática da violência.
Entre os assuntos abordados estão os tipos de violência previstos em lei e suas consequências, medidas protetivas, atuação da polícia, uso de álcool e drogas, impactos da violência para a família e a imagem familiar. Também são tratados temas como crenças limitantes, emoções e relacionamentos, experiências de vida, comunicação não violenta e alternativas comportamentais em situações de conflito.
Para integrar o projeto, os homens são triados pela Assistência Social forense, que avalia caso a caso antes do encaminhamento ao grupo. Em situações específicas, quando se entende que a participação não seria eficaz, o Ministério Público é consultado para avaliar a substituição da medida imposta.
Denuncie
Se você está sofrendo violência doméstica ou conhece alguém que esteja, denuncie:
- Polícia Militar de Santa Catarina: ligue para o 190 (para situação de emergência);
- Polícia Civil de Santa Catarina: ligue para o 181 (aceita denúncia anônima), entre em contato com (48) 98844-0011 (WhatsApp/Telegram), acesse a Delegacia de Polícia Virtual da Mulher ou vá à delegacia mais próxima;
- Ministério Público de Santa Catarina: entre em contato com a Ouvidoria do MPSC ou vá à Promotoria de Justiça mais próxima;
- Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 (denúncias e informações sobre violência doméstica): funciona 24 horas, todos os dias e em todo o país, sem cobranças para ligações.
Termômetro da Violência Doméstica
Instrumentalizar a identificação de sinais de alerta e de comportamentos abusivos é uma das maneiras de auxiliar mulheres no enfrentamento à violência doméstica e familiar. Esse é o objetivo do Termômetro da Violência Doméstica, desenvolvido pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar do MPSC.
O Termômetro, que está disponível no site do MP catarinense, funciona como um quiz de 22 opções que a usuária deve preencher caso identifique essas situações em seu relacionamento. O preenchimento é feito de forma completamente anônima.
Faça o teste aqui: https://mpsc.mp.br/termometro/ .
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