Operação Fundo do Poço: chefe de organização criminosa empresarial é condenado a mais de 104 anos de prisão
O chefe de uma das organizações criminosas empresariais investigadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) na Operação Fundo do Poço foi condenado. Miguel Atílio Roani, proprietário da empresa Hidroani, foi condenado a mais de 104 anos de prisão pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, peculato e fraude à licitação.
Além de Roani, também foram condenados, por corrupção passiva, dois ex-secretários municipais de Itá e, por fraude à licitação, um empresário. O ex-Secretário Municipal de Agricultura Reunildo de Santi e o ex-Secretário de Administração Vitor Minella foram penalizados, respectivamente, com 12 anos e oito meses e 5 anos e quatro meses de prisão. Já o empresário Ariel Caldart recebeu como pena 17 anos anos de prisão.
Nas alegações finais do processo - última manifestação das partes antes do julgamento em primeiro grau -, a 4ª Promotoria de Justiça de Concórdia destacou que Roani tinha posição incontestável na chefia da organização criminosa. Em decorrência de sua atuação, foram fraudados vários procedimentos licitatórios, superfaturadas contratações e repassadas propinas a agentes públicos que ocupavam posição estratégica.
A investigação apontou que a empresa Hidroani foi responsável por fraudes a licitações dos Municípios de Xanxerê, Abdon Batista, Campos Novos, Erval Velho, São José do Cerrito, Ouro, Celso Ramos, Alto Bela Vista, Piratuba, Paial e Itá - sendo desta última os dois secretários municipais que receberam propina e foram condenados por corrupção nesta mesma ação.
A ação documenta, inclusive, a entrega de propina ao Deputado Estadual Romildo Titon, que atuava para facilitar a destinação de recursos públicos para a perfuração de poços artesianos e agia para assegurar a contratação da empresa Hidroani. Titon já foi condenado a mais de 10 anos de prisão em ação que tramitou no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
Já o empresário Ariel Caldart foi condenado por participar das licitações tão somente para apresentar orçamentos sem chance de concorrência, apenas para dar ares de legalidade às fraudes executadas. Também participava das licitações o chefe da outra organização criminosa empresarial, Luciano Dal Pizzol, proprietário da empresa Água Azul.
A ação que resultou na condenação de quatro dos cinco réus ligados à Hidroani - em relação ao quinto, o próprio Ministério Público requereu a absolvição - tramitou na Comarca de Concórdia após ser cindida da ação originária, que foi julgada pelo Tribunal de Justiça em função do foro privilegiado de Prefeitos e do Deputado Estadual envolvidos.
A ação originária, que está em grau de recurso nos Tribunais Superiores, já foi julgada e resultou na condenação de 28 investigados. Nessa ação, Luciano Dal Pizzol foi recebedor da maior condenação, de 17 anos e cinco meses de reclusão, e o Deputado Estadual Romildo Titon foi penalizado com 10 anos e um mês de prisão, ambas as penas para cumprimento em regime inicial fechado.
A Operação Fundo do Poço
A Procuradoria-Geral de Justiça deflagrou a Operação Fundo do Poço em 2013, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO). Na época foram detidos 20 envolvidos e afastado cautelarmente o então Presidente da ALESC, Romildo Titon, os então Prefeitos de Erval Velho, de Abdon Batista e de Celso Ramos, além de outros agentes públicos.
As investigações apuraram que, desde 2009, empresas de perfurações de poços artesianos estabeleceram acordos para definir os vitoriosos em procedimentos licitatórios nas regiões do Meio-Oeste, Oeste e Serrana, contando com a participação de agentes públicos.
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