MPSC obtém liminar para que obra de arte apagada na Fundação Cultural de Brusque seja refeita
Uma obra de arte pintada na parede da Fundação Cultural de Brusque, apagada logo após o surgimento de mensagens que apontavam descontentamento com o trabalho realizado, deverá ser refeita. Esta é a determinação de uma medida liminar obtida em ação ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
A ação foi ajuizada pela 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Brusque, após apurar os fatos em inquérito civil. De acordo com o Promotor de Justiça Daniel Westphal Taylor, a ordem para apagar a pintura teria sido dada pelo Secretário Municipal da Fazenda e Gestão Estratégica de Brusque, Willian Fernandes Molina.
Conforme apurado pelo Ministério Público, no mês de novembro de 2020 a Fundação Cultural de Brusque, abriu edital para "premiação de projetos artísticos e culturais da cidade de Brusque". O edital teve por finalidade selecionar projetos voltados ao desenvolvimento cultural local, com entrega de contrapartida financeira aos artistas.
Dentre os projetos vencedores estava o apresentado pelo artista Douglas Leoni, que consistia na elaboração de 10 desenhos em paredes e muros do Município de Brusque. Um dos desenhos foi realizado, com o consentimento do Município de Brusque, na parede da biblioteca da Fundação Cultural de Brusque. Porém, como é natural, a obra de arte não agradou algumas pessoas, tendo surgido, nas redes sociais, comentários depreciativos.
Teria sido após esses comentários que, no dia 24 de setembro de 2021, uma sexta-feira, já quase no horário do final do expediente, o Secretário da Fazenda teria chamado o Diretor de Patrimônio e determinado que a parede da biblioteca da Fundação Cultural de Brusque, onde estava o desenho, fosse pintada com urgência, naquele mesmo dia. O serviço foi feito à meia noite.
Em depoimento à Promotoria de Justiça, o Secretário de Finanças alegou que havia determinado a pintura em função de um vazamento na parede. Porém, conforme foi apurado no inquérito civil, o alegado vazamento não seria na parede onde estava o desenho.
Além disso o Diretor de Patrimônio, Djalma Frederico Vieira, também em depoimento ao Ministério Público, informou que na segunda-feira seguinte à pintura, em reunião com o Secretário de Finanças, este disse que havia mandado fazer o serviço porque algumas pessoas não tinham gostado do desenho.
"Diversos elementos colhidos ao longo da investigação revelam que seria a insatisfação pessoal de Willian Fernandes Molina com a obra, instigada por terceiros que realizaram comentários, que teria levado ele a realizar a determinação para o apagamento do desenho, em clara ofensa à regra da impessoalidade do ato administrativo", sustenta o Promotor de Justiça.
Westphal Taylor acrescenta que mesmo diante da óbvia ofensa ao princípio da impessoalidade e diante da evidente agressão ao patrimônio artístico local, o Município de Brusque se recusa a permitir que o artista refaça sua obra no mesmo local, usando como justificativa que não existia um prazo legal para que a obra ficasse exposta.
Assim, ingressou com a ação com o pedido liminar, já deferido, para determinar que o Município de Brusque permita, de imediato, que a obra seja refeita - fornecendo ao artista o material necessário -, devendo a obra permanecer preservada até o momento em que existam razões verdadeiras para o seu apagamento e por não menos do que 180 dias a contar de seu refazimento.
O Ministério Público requer ainda que, no julgamento do mérito, quando for proferida a sentença, a condenação de Willian Fernandes Molina a indenizar a coletividade em R$ 50 mil por danos morais coletivos e pelos prejuízos causados ao patrimônio artístico de Brusque, revertendo-se a quantia ao Fundo para a Reconstituição de Bens Lesados (FRBL).
O FRBL é um fundo administrado por um Conselho Gestor, presidido pelo MPSC e composto por representantes de órgãos públicos estaduais e entidades civis, que financia projetos que atendem a interesses da sociedade em áreas como meio ambiente, educação, segurança pública, consumidor e patrimônio histórico, artístico e cultural. Saiba mais aqui .
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