04.08.2021

Mais de 80 anos de prisão para cada um dos três integrantes de facção criminosa que torturaram e mataram adolescentes em Joinville

Grupo que torturou três adolescentes, matou dois deles e tentou matar um terceiro foi condenado pelo Tribunal do Júri da Comarca de Joinville em sessão que durou mais de 15 horas e só terminou por volta da meia-noite desta terça-feira (3/8).

Três integrantes de uma facção criminosa denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por torturar três adolescentes, matando dois deles, foram julgados e condenados em sessão do Tribunal do Júri da Comarca de Joinville nesta terça-feira (3/8). As penas de cada réu são de 80 anos de reclusão em regime inicial fechado mais 7 meses de detenção.

Os jurados atenderam plenamente à denúncia do Ministério Público e condenaram os réus Ilson Luis de Oliveira, Weslley Jonatas Paes e Ana Paula Batista de Souza pelo homicídio triplamente qualificado - por motivo torpe, uso de meio cruel e dissimulação - de dois adolescentes e pela tentativa de homicídio de outro jovem, com os mesmos qualificadores.

Outras duas mulheres que ajudaram a apagar os vestígios do crime, Evelaine Bárbara Rodrigues Ribeiro e Fernanda Maba Vieira Gonçalves, foram condenadas a sete meses de detenção pelo crime de fraude processual. Elas não participaram da tortura.

Conforme a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Ilson percebeu a movimentação dos três adolescentes no bairro. Os jovens, com idades entre 15 e 16 anos, não eram conhecidos no local. Assim, Ilson ofereceu uma carona como pretexto para levá-los até a casa de Luan Tessaro, que é réu em outra ação penal pelo seu envolvimento no caso.

Esse homem pressionou o grupo para descobrir de onde eram e o que estavam fazendo no bairro. Os três afirmaram ser integrantes de uma outra facção criminosa e que eram de Jaraguá do Sul.

Ilson e Luan levaram os adolescentes até a casa de Weslley e Ana Paula. Lá os criminosos amarraram os adolescentes e iniciaram uma sessão de tortura, utilizando um pedaço de madeira, cinta e soqueira para efetuar as agressões. Enquanto Ana Paula filmava a tortura, Weslley fazia contato com outros membros da facção para saber se executaria as vítimas. As imagens do crime foram divulgadas nas redes sociais.

Os adolescentes foram colocados em um porta-malas e levados da casa por Weslley e Ana Paula até uma região afastada de mata. No local as vítimas foram atacadas com golpes de armas brancas. Duas das vítimas morreram, mas o terceiro adolescente, mesmo machucado, conseguiu fugir e se esconder na mata.

A vítima que sobreviveu conseguiu buscar ajuda. No dia seguinte ao crime, a Polícia Civil foi até a casa onde o crime ocorreu e flagrou Ilson, Weslley, Luan, Ana Paula, Evelaine e Fernanda tentando apagar os vestígios do crime na casa.

O grupo queimou objetos, trocou a porta de um cômodo e limpou o local. Os réus foram presos em flagrante. Para executar a tortura e destruir as provas, os réus tiveram auxílio de adolescentes infratores. O crime ocorreu em 22 de janeiro de 2019.

O Promotor de Justiça Ricardo Paladino explica que a motivação foi torpe, pelas vítimas terem se identificado como integrantes de outra facção.

O Promotor também ressalta a forma cruel e a dissimulação usada para atrair os jovens e cometer o crime.

O denunciado Luan Tessaro foi preso depois dos outros cinco acusados e por isso será julgado separadamente, em uma outra sessão do Tribunal do Júri.

Ilson Luiz de Oliveira, Weslley Jonatas Paes e Ana Paula Batista estão em prisão cautelar e não poderão recorrer em liberdade.

A decisão é passível de recurso.




Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC