16.09.2016

Evento reúne mais de 300 pessoas para falar sobre prevenção ao suicídio

No mês de prevenção ao suicídio o MPSC realizou a 2ª edição do evento "Doenças Mentais: Falar para prevenir, conhecer para tratar" que integra a programação oficial do Setembro Amarelo mês de conscientização sobre as causas que podem levar ao suicídio. Quatro especialistas falaram sobre as doenças da mente, suas causas e os preconceitos existentes.
mesa de abertura do evento

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu suas portas no mês de prevenção ao suicídio para falar sobre essa doença que registra, no mundo, uma morte a cada 40 segundos e atinge todas as classes sociais, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. O evento reuniu mais de 300 participantes.

Na abertura, a Coordenadora-Adjunta do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos, Promotora de Justiça Ariadne Klein falou sobre a importância de falar e prevenir o suicídio para amenizar o preconceito. "Ao organizar o evento no ano passado, pensamos em como o Ministério Público pode contribuir para diminuir o preconceito e ajudar as pessoas que vivem com algum transtorno mental. Hoje conseguimos reunir, novamente, um novo público que nos ajudará levar mais informações, para mais pessoas", disse. "É difícil a gente saber como demonstrar o nosso amor por quem está passando por problemas relacionados às doenças mentais, por isso precisamos entender para poder ajudar e até, salvar uma vida", concluiu.

Em seguida o Procurador-Geral de Justiça, Sandro José Neis, destacou a relevância de abrir as portas do Ministério Público e falar abertamente sobre as dificuldades vividas na sociedade. "Este é um momento diferente, abrimos a casa para receber pessoas com as mais diferentes realidades e profissões para falar abertamente, sem qualquer preconceito, assim como são os assuntos tratados pelo MPSC", disse e reforçou: "nossa sociedade é muito voltada para o 'ter' e o esquece do 'ser', da solidariedade, do respeito e da compreensão".

público do evento

Logo depois iniciaram as palestras com o psiquiatra Eduardo Pimentel, que abordou o tema "Posso contar com você? O momento de procurar ajudar". Ele destacou em sua fala que se não houvesse tanto preconceito, seria possível fazer mais trabalho preventivo. "Muita gente não procura ajuda devido ao estigma e preconceito em torno das doenças mentais", disse.

Na palestra seguinte o foco foi crianças e adolescente. O Psiquiatra Marcelo Calcagno falou como perceber doenças e transtornos mentais em crianças e adolescentes. "É importante ficar atento ao comportamento da criança como, por exemplo, problemas na escola. A escola é a segunda família e tem papel fundamental no cuidado do comportamento da criança", afirmou.

A terceira palestra abordou os perigos da depressão na gestação, parto e pós-parto, com o Psiquiatra Amaury Cantilino da Silva Junior. A palestra falou sobre os diversos transtornos mentais que acometem as mulheres no período de gestão e pós-parto. "A gestação é o período em que a mulher tem mais riscos de desenvolver transtornos mentais. O transtorno mental grave que mais está associado à mortalidade é a depressão durante e no pós-parto", destacou o psiquiatra.

O Psiquiatra Alberto Stoppe Jr encerrou o ciclo de palestras falando sobre a depressão na terceira idade. Stoppe explicou como reconhecer depressão em idosos "Apatia, dores, insônia, alteração de memória são alguns dos sintomas", relatou. "Existe uma relação entre depressão e doença física. Por isso, é preciso tratar os dois problemas ao mesmo tempo", disse. O evento encerrou com os palestrantes respondendo perguntas do público.


Eduardo Pimentel

Psiquiatra Eduardo Pimentel durante a palestra

Psiquiatra. Formado pela Universidade de Pelotas (UFPel), é membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, Coordenador do Ambulatório de Esquizofrenia Resistente e super resistente, Coordenador da unidade de internação de Agudos do IPQ e preceptor da residência Médica de Psiquiatria do IPQ de Santa Catarina. Durante a apresentação no Ministério Público, Pimentel afirmou que não existe saúde se não existir saúde mental e contestou a ideia de que a pessoa tem direito a decidir se quer ou não cometer suicídio. "Quando a pessoa pensa em suicídio, ela está doente. E se ela está doente, como vai tomar uma decisão certa?", questionou.


Marcelo Calcagno

Marcelo Calcagno falando aos presentes no evento

Médico Psiquiatra - Ufpel; Especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência - Ufgrs ; Mestre em Psiquiatria - Ufrgs (dissertação em TDAH) Membro da Diretoria do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da ACP (Associação Catarinense de Psiquiatria) Membro do Conselho Científico da ABDA - Associação Brasileira do Déficit de Atenção e Coordenador do Núcleo ABDA Santa Catarina. A palestra do psiquiatra teve como foco os transtornos mentais em crianças e adolescentes, causados, principalmente, em decorrência das alterações de comportamento. "Hiperatividade, desatenção, ansiedade, tristeza profunda, medos e fobias, são sintomas de doenças mentais em crianças", apontou.


Amaury Cantilino da Silva Junior

Amaury Cantilino palestrando sobre depressão

Psiquiatra. Formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professor do departamento de neuropsiquiatria da UFPE. Coordenador do Programa Saúde Mental da Mulher. Membro da Comissão de estudos e pesquisas da saúde mental da mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria. O médico abordou os perigos da depressão durante o período de gestação, do parto e do pós-parto. Segundo Cantilino, a gestação é o período em que a mulher tem mais riscos de desenvolver transtornos mentais. Dessa forma, aconselhou os participantes. "Já que a gente exige tanto das mães, cuidemos da saúde mental delas para que elas sejam saudáveis e felizes".


Alberto Stoppe Junior

Alberto Stoppe discursando sobre a depressão

Psiquiatra. Mestre e Doutor em Psiquiatria pela USP - Universidade de São Paulo. É especialista em psiquiatria e psicogeriatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria. É preceptor da residência Médica de Psiquiatria do IPQ de Santa Catarina. A depressão na terceira idade foi o assunto retratado por Alberto Stoppe, período no qual a ocorrência de suícidio é maior. O doutor em psiquiatria advertiu que a depressão ocorre de diferentes formas e é necessário que um especialista faça o diagnóstico de cada caso. Além disso, reivindicou por maior proteção a população da terceira idade. "Boa parte dos políticos são idosos, porém isso não se reflete em políticas públicas para o bem estar do idoso".




Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC