O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) adotou como estratégia de atuação na desarticulação do tráfico de drogas o combate à lavagem do dinheiro arrecadado com o narcotráfico. Os Promotores de Justiça que integram o Grupo Especial de Combate ao Tráfico de Drogas (GECOT) da Capital entendem que não basta a prisão de traficantes e a apreensão de drogas, que é preciso descapitalizar a estrutura financeira do tráfico através da apreensão, do seqüestro e a perda de bens e valores, de forma a tornar desinteressante e evitar a continuidade da atividade criminosa.

Um exemplo foi a prisão do acusado de chefiar o tráfico de drogas no Morro do 25, em Florianópolis, cuja investigação foi deflagrada logo nas primeiras reuniões do GECOT, no início deste ano. O serviço de inteligência realizado com apoio do GECOT - com a realização de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e quebra de sigilo bancário e fiscal - permitiu a identificação de laranjas e o seqüestro e apreensão de uma mansão na Praia da Daniela, um terreno no Bairro Córrego Grande, um automóvel Audi A3 e outro Toyota Corola e R$ 10,8 mil em dinheiro.

A ação que visou atingir a liderança do Morro do 25 desarticulou a organização criminosa, pois prendeu, além do chefe do tráfico, o gerente da "boca de fumo" e a responsável pela parte financeira da quadrilha. Eles se encontram preventivamente presos, respondendo pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. Os laranjas identificados também foram denunciados pelo crime de lavagem de dinheiro.

Se condenados, os bens e valores seqüestrados serão revertidos à sociedade, para aplicação em programas de combate ao tráfico de drogas. O processo contra os acusados pelo tráfico no Morro do 25 está, atualmente, na fase de instrução e julgamento, quando são ouvidas as últimas testemunhas e os acusados.

"O tráfico de drogas, é a mola propulsora da criminalidade. Direta ou indiretamente, é responsável pela imensa maioria do movimento das Varas Criminais", afirma o Promotor de Justiça Onofre José Carvalho Agostini, integrante do GECOT da Capital. O combate ao crime organizado, com ênfase nas atividades ligadas ao tráfico de drogas, é uma das prioridades estabelecidas no Plano Geral de Atuação do MPSC para 2008. Em 2007, o Ministério Público de Santa Catarina criou oito grupos de trabalho para atuar no combate ao tráfico de drogas em oito Comarcas, os Grupos Especiais de Combate ao Tráfico Ilícito de Drogas (GECOTs).