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Quem comete abuso sexual contra crianças e adolescentes geralmente não se comporta socialmente de maneira reprovável, fora dos padrões tidos como "normais" de comportamento, a ponto de ser reconhecido na rua como tal. Isso é um mito. Na realidade, na maioria das vezes os abusadores aparentam normalidade e são pessoas queridas e próximas das crianças e adolescentes. Também é um equívoco achar que o abuso sexual em crianças é facilmente identificado pelas evidências físicas: em apenas 30% dos casos as marcas estão presentes, pois atos sexuais que não envolvem penetração também são abuso, além da pornografia infantojuvenil.

Quando uma criança ou adolescente falar sobre violência e exploração sexual não deve ser criticada ou ter sua palavra colocada em dúvida. "Uma criança dificilmente relata de forma consistente uma experiência sexual que ela não vivenciou, pois ainda não tem maturidade para compreender o fato com precisão", explica a Coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude do Ministério Público de Santa Catarina, Priscilla Linhares Albino.

Essas e outras orientações, que refletem o resultado de pesquisas e do trabalho de especialistas na área, estão em 1,2 milhão de folders produzidos por iniciativa do Ministério Público de Santa Catarina e do Fórum Catarinense Pelo Fim da Violência e da Exploração Sexual Infanto-Juvenil, que serão difundidas no Estado a partir do dia 24 de setembro, data instituída por lei como "Dia Estadual de Mobilização Pelo Fim da Violência e da Exploração Sexual Infanto-Juvenil".

Os folders e 150 mil cartazes serão distribuídos à sociedade em passeatas, nas escolas, para profissionais que atuam com crianças e adolescentes e para policiais militares, civis e rodoviários federais. Outros 300 outdoors sobre o tema também estão sendo divulgados no Estado. Diversas cidades catarinenses realizarão atividades envolvendo escolas e a comunidade no dia 24 de setembro, mas a distribuição dos folders e cartazes continuará mesmo após a data. A arte gráfica dos materiais foi elaborada pela D'Araújo Comunicação e diversos parceiros da iniciativa privada contribuíram com o seu custeio ou prestaram apoio para a organização das atividades.

Os materiais informativos também prestam uma informação que é crucial no auxílio das vítimas: ensinam ao cidadão como denunciar, inclusive de forma anônima, preferencialmente pelo telefone gratuito número 100 . A importância da denúncia reside no fato de que, segundo pesquisas, apenas 10% das ocorrências são levadas ao conhecimento das autoridades e especialistas, principalmente porque as vítimas sentem-se constrangidas ou são ameaçadas para não falar sobre o assunto.