Projeto Escola Restaurativa mobiliza mais de 300 participantes no Alto Vale e encerra o ano com ações em Taió, Salete e Mirim Doce
Pela primeira vez, a iniciativa realizou atividades simultâneas em três municípios.
“Pra mim, essa palestra fez eu sentir que sou uma pessoa boa, honesta; um menino do bem. Quando a professora falou, na dinâmica do novelo de lã, que eu sou bondoso e gentil, isso mexeu comigo de um jeito que eu nem sei explicar. Só sei que estou muito feliz com essa atividade. Muito obrigado.”
O relato emocionado do estudante Enzo Alexandre Day, da Escola de Ensino Fundamental Bernardo Rohden, em Salete, abriu um dia de atividades que mobilizou mais de 300 participantes nos três municípios da Comarca de Taió — que também abrange as cidades de Salete e Mirim Doce — durante as ações do Projeto Escola Restaurativa, promovido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio do Núcleo Permanente de Incentivo à Autocomposição (NUPIA)e da Promotoria de Justiça da Comarca de Taió.
O Promotor de Justiça Juliano Antonio Vieira, anfitrião das atividades, celebrou o alcance da iniciativa: “É com grande satisfação que a nossa comarca recebe esse projeto tão importante, que começou com uma conversa lá em meu gabinete. Hoje, ver ele ser concretizado dá um orgulho muito grande, porque demonstra o grande papel e a importância que o MPSC pode gerar em toda uma comunidade”.
Pela primeira vez, o projeto realizou atividades simultâneas em três municípios.
Em Taió, os trabalhos se concentraram na Escola de Ensino Fundamental Prefeita Erna Heidrich. “Ficamos muito felizes em receber essa iniciativa e perceber a abertura dos nossos alunos e profissionais em aprender a melhor se comunicarem. Acreditamos que situações de conflitos serão bem mais resolvidas a partir de agora”, apostou a diretora da unidade Jaqueline Schultz Kindel.
O Centro Educacional Giácomo Zommer, que fica no interior de Mirim Doce, foi a escola escolhida para participar das atividades. “Por aqui, a equipe se abriu para novas formas de lidar com conflitos. O círculo dá voz a todos, e isso muda a dinâmica da escola”, considerou a diretora Marli Bonin.
Já em Salete, a ação foi na Escola de Ensino Fundamental Bernardo Rohden. “A escolha das turmas dos sextos anos para serem trabalhadas foi muito assertiva, porque nessa etapa os alunos estão na fase de transição de criança para adolescentes, que por si só, já é uma etapa de muitos conflitos – externos e internos, então acreditamos que daqui eles vão tirar lições para toda a vida”, pontuou a diretora Joice Andrioli.
Os estudantes vivenciaram a metodologia dos Círculos de Construção de Paz, fortalecendo o sentimento de pertencimento e corresponsabilidade. “Eu aprendi que temos que respeitar o próximo e ter o coração que nem o de uma girafa”, disse a aluna Melissa Figuerêdo. “A girafa tem o pescoço grande porque lá do alto ela encara os problemas e sabe ouvir a todos. Temos que ser como ela”, complementou a estudante Renata de França.
O Promotor de Justiça Juliano Antonio Vieira reforçou a relevância regional das ações: “A educação é um espaço privilegiado para o diálogo. Cada roda, cada círculo, cada vivência ajuda a transformar a forma como lidamos com conflitos. E o que todos vivenciaram por aqui foi algo muito transformador”.
O objetivo é desenvolver habilidades socioemocionais e fortalecer a convivência respeitosa, empática e colaborativa. “As vivências restaurativas permitem que cada participante reconheça seu papel dentro da comunidade escolar. Quando eles compreendem que fazem parte da solução, o ambiente muda — e a cultura de paz se fortalece”, acrescentou assistente jurídica Sarah Zannin Farias, integrante da equipe técnica do projeto.
Encerramento com a comunidade
As atividades terminaram com uma cerimônia na Câmara de Vereadores de Taió, reunindo representantes do MPSC, autoridades locais, educadores e participantes das três cidades.
“Fechamos o ano com uma demonstração concreta de que as escolas querem — e sabem — construir caminhos de diálogo. É um esforço coletivo que continuará gerando frutos”, sintetizou o Promotor de Justiça Juliano Antonio Vieira.
“Só agradecer mesmo. Eu consegui tirar das minhas costas um peso. Um peso emocional e que agora ficou só na lembrança para eu contar as histórias, lá na frente, para os meus filhos”, evidenciou o estudante Enzo Day.
A Escola Restaurativa se fundamenta nos princípios da Justiça Restaurativa e na metodologia dos Círculos de Construção de Paz para enfrentar situações de violência e fortalecer vínculos nas comunidades escolares. O projeto integra a política institucional do MPSC e está alinhado à Resolução nº 225/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que consolidou a Justiça Restaurativa como política pública nacional. A iniciativa faz parte das ações desenvolvidas pelo Grupo Gestor de Justiça Restaurativa de Santa Catarina (GGJR-SC), instituído pelo Convênio nº 117/2024.
Três anos de impacto e expansão pelo Estado
Implantado em 2022, o Projeto Escola Restaurativavem se consolidando como uma das principais iniciativas de promoção da cultura de paz no Estado. Em três anos de execução, já alcançou 23 municípios, 27 escolas das redes estadual e municipal e envolveu diretamente mais de 7 mil pessoas em formações, círculos restaurativos e ações comunitárias.
Somente em 2025, as atividades chegaram a 11 municípios e 14 escolas, ampliando significativamente o engajamento de estudantes, professores e equipes gestoras que passaram a incorporar a Justiça Restaurativa ao cotidiano escolar.
Para o Coordenador do NUPIA, Promotor de Justiça Marco Aurélio Morosini, os resultados evidenciam uma mudança sólida na convivência escolar. “Foi mais um dia de sucesso do Projeto Escola Restaurativa, que contou com o desafio adicional de ser feito em três cidades no mesmo dia, tendo sido muito bem recebido por alunos e cidadãos de toda a Comarca de Taió”.
“O fortalecimento do Escola Restaurativa acontece porque cada escola, cada aluno e cada profissional compreende que a convivência precisa ser construída diariamente. Quando enxergamos resultados tão amplos, percebemos que a cultura de paz deixou de ser um ideal distante e passou a fazer parte da rotina das nossas comunidades escolares”, salientou a chefe do setor de apoio ao NUPIA, técnica do MPSC, Luciana Andréa Mattos.
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