16.11.2021

MPSC recomenda adequações na acessibilidade das calçadas da Avenida das Rendeiras

Irregularidades que colocam em risco uso das calçadas por deficientes visuais foram constadas em vistoria realizada pelo Núcleo Intersetorial de Defesa da Inclusão (NIDI) e pela 30ª Promotoria de Justiça da Capital, que recomendou correções antes que a obra seja inaugurada e entregue à sociedade


Post O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio da 30ª Promotoria de Justiça da Capital, recomendou à Prefeitura de Florianópolis que irregularidades na acessibilidade do projeto de revitalização da Avenida das Rendeiras sejam corrigidas antes que a obra seja inaugurada e entregue à sociedade. A recomendação foi encaminhada após vistoria que constatou riscos à segurança de pessoas cegas ou com baixa visão que necessitem da orientação dos pisos tácteis para se deslocar.

De acordo com o Promotor de Justiça Daniel Paladino, o relatório da vistoria apontou uma série de situações de risco potencial, como ausência de piso alerta entre a calçada e a ciclovia; colocação de piso guia na beira da calçada ao lado da lagoa da conceição - que em muitos pontos têm altura elevada - onde deveria haver piso alerta; e presença de obstáculos não sinalizados.

Assim, foi recomendado à Prefeitura a realização das seguintes correções:

- Reposicionamento do piso direcional no centro da faixa livre da calçada, livre de obstáculos.

- Colocação de piso alerta antes da borda da calçada a fim de sinalizar perigo e permitir tempo de parada para as pessoas com deficiência, ressalvada a hipótese de instalação de guarda corpo no local, tornando facultativo o piso alerta.

- Instalação de piso alerta entre a faixa livre da calçada e a ciclofaixa, em toda a sua extensão.

- Colocação de pisos táteis, alerta e direcional, e sinalização visual ao longo de toda a travessia em ambos os lados da via.

- Atendimento a NBR 9050/2000, com dimensionamento adequado da área do ponto de ônibus, a fim de permitir facilidade e segurança no deslocamento das pessoas principalmente com deficiência visual, com a correta localização da ciclofaixa e adequada sinalização tátil e visual que permita o seu uso seguro.

- Instalação correta do piso direcional no centro da faixa livre da calçada, sem quaisquer barreiras físicas, afastando o perigo do desnível e da colisão com árvores ou postes situados próximos à borda do passeio. Em havendo estreitamento do passeio, recomenda-se o desvio do piso direcional e marcação do obstáculo com piso alerta.

Além disso, o Ministério Público também recomendou a promoção de campanha e efetiva fiscalização junto ao comércio local para inibir a utilização do espaço para fins de propaganda.

"O direito à mobilidade, acessibilidade plena e autonomia é inalienável, constituindo princípio basilar da legislação brasileira de inclusão da pessoa com deficiência", salienta o Promotor de Justiça.

O prazo para resposta ao ofício da recomendação, encaminhado ao Secretário Municipal de Infraestrutura nesta terça-feira (16/11), é de cinco dias úteis, a contar do recebimento.

Uma recomendação do Ministério Público representa uma cientificação expressa e formal da necessidade de providências para resolver uma situação irregular ou prevenir uma irregularidade. O não atendimento pode resultar em medidas judiciais e extrajudiciais futuras.

A vistoria

As irregularidades no projeto foram constatadas em uma vistoria do Núcleo Intersetorial de Defesa da Inclusão (NIDI) e da 30ª Promotoria de Justiça da Capital no dia 8 de novembro. "Nós constatamos que houve uma incorreção no projeto. A execução precisa ser refeita, inúmeros ajustes precisam ser refeitos. Por exemplo, foi instalado o piso guia onde deveria ter sido feito o piso alerta, já com uma advertência de segurança para as pessoas cegas", explicou Paladino na ocasião

Durante a vistoria, representantes de organizações que defendem os direitos de pessoas com deficiência e de cegos testaram os equipamentos de acessibilidade. O próprio Promotor de Justiça, orientado por guias, fez os testes do piso táctil, de olhos fechados e com um cão-guia.

O NIDI é coordenado pela 30ª Promotoria de Justiça da Capital e composto por entidades representativas das pessoas com deficiências, da sociedade civil e do poder público. O objetivo do NIDI é trabalhar pelos direitos das pessoas com deficiência em diferentes áreas e setores, como a acessibilidade no transporte público, na mobilidade urbana e nos serviços públicos e privados, e a inclusão no mercado de trabalho, na educação, na cultura e no lazer.

Participaram da vistoria, além do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), o Instituto Ressignificar Vidas, Entidade Ver para Cego, a Associação Catarinense de Integração ao Cego (ACIC), a Associação dos Moradores da Lagoa - Lagoa Viva Florianópolis, a Secretaria de Infraestrutura do Município, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Irmãos Damf - cães de assistência , a Federação Catarinense de Entidades de e Para Cegos, o Grupo Revisional ABNT e as Vereadoras Maryane Mattos e Manu Vieira.




Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social