27.05.2008

Homenagem aos Promotores de Justiça Marisa Fátima Lara Souza e Marcelo Henrique Câmara

Há um mês, a notícia da morte de um jovem Promotor de Justiça provocou manifestações de solidariedade e comoveu, além da família e dos amigos, o quadro de funcionários e os colegas de carreira. Nove dias depois, outra Promotora de Justiça deixava esta vida. Eles tinham em comum, além da dedicação à carreira, a capacidade de marcar as pessoas, mesmo aquelas com quem tinham pouco contato, ou apenas relacionamento profissional.
Colegas falam sobre a convivência com os representantes da Instituição um mês após sua perda
Há um mês, a notícia da morte de um jovem Promotor de Justiça provocou manifestações de solidariedade e comoveu, além da família e dos amigos, o quadro de funcionários e os colegas de carreira. Nove dias depois, outra Promotora de Justiça deixava esta vida e, mais uma vez, a emoção e sensação de perda atingiam não apenas os mais próximos, mas também todo o quadro do Ministério Público de Santa Catarina. Marcelo Henrique Câmara, de 28 anos, e Marisa Fátima Lara Souza, de 45 anos, tinham em comum, além da dedicação à carreira, a capacidade de marcar as pessoas, mesmo aquelas com quem tinham pouco contato, ou apenas um relacionamento profissional.

A Promotora de Justiça Darci Blatt ficou tocada de forma especial pela morte de Marisa: "Ela não era apenas uma colega, era minha amiga, a ponto de, no dia do sepultamento, todos me procurarem para oferecer uma palavra de consolo como se eu fosse da família de Marisa". E, ao comentar a perda de sua grande amiga e o fato desta morte ocorrer tão próxima do falecimento de Marcelo Henrique, Darci descreveu a impressão que, em conversa com outros amigos e colegas, se tornou comum quando o assunto é o jovem Promotor de Justiça: "Quando ele se apresentou, na minha sala, eu logo percebi uma espiritualidade além do normal. Sempre tinha um tempo para procurar saber como a gente estava. Algo raro num ambiente em que todos nós estamos sempre tão atarefados, enfrentando o estresse natural de uma carreira que trata diariamente de causas difíceis e preocupantes".

Marisa também tinha a capacidade de causar uma primeira impressão que facilmente poderia consolidar uma amizade. Foi o que aconteceu com o Promotor de Justiça Raul de Araújo Santos Neto: "Lembro claramente de quando a conheci. Eu era substituto em Palmitos, quando ela chegou como titular. Foi num domingo, enquanto eu me preparava para o Tribunal do Júri no dia seguinte. A Marisa e o marido dela me procuraram no hotel onde eu estava estudando o processo. Ela só assumiria no dia seguinte, mesmo assim se mostrou preocupada com o julgamento e se ofereceu para me ajudar. Eu disse que não era necessário, mas fiquei comovido com a solidariedade da colega, que me acompanhou na sessão, sentada ao meu lado".

Isso aconteceu no início dos anos 1990 e, muito tempo depois, os dois voltaram a trabalhar juntos em Palhoça. A dedicação da Promotora de Justiça da Infância e Juventude reforçou a imagem que ela deixara gravada na memória do colega. E, desta vez, Raul pôde perceber outro traço marcante da personalidade de Marisa: "Ela era uma pessoa meiga e carinhosa com as pessoas à sua volta, tinha uma vocação especial".

A maneira de trabalhar e, principalmente, o jeito de atender quem procurava a Promotora de Justiça chamaram a atenção da então estudante de Direito Tatiana Gomes Back, que era estagiária, na época em que Marisa atuou em Palhoça: "Ela sempre atendia todos com muito carinho e respeito. Ela não fazia diferença, no atendimento, entre o adolescente infrator e o que era vítima, que estava em situação de risco. Tratava os dois com muita humildade e dignidade".

Humanidade também era o que mais chamava a atenção no caráter de Marcelo Câmara. Algumas palavras foram repetidas várias vezes em declarações de amigos e de colegas que tiveram a oportunidade de manter contato com ele, mesmo que breve. O melhor amigo, o advogado Klaus Raupp, acredita que, na verdade, a palavra que todos querem dizer é "humano". Segundo Raupp, "Marcelo era intransigente na defesa de seus princípios, na convicção de que todos devem ser tratados como humanos, no sentido integral da palavra".

De um lado, um Promotor de Justiça em início de carreira, de outro, uma Promotora de Justiça com 22 anos de Ministério Público. Em 10 dias, a perda de duas pessoas que morreram jovens, mas viveram o suficiente para deixar a marca de sua passagem por esta vida como alguém que fez a diferença, justamente por tratar a todos como iguais.

Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social