10.12.2007

Ação penal proposta pelo MPSC resulta em condenação de ex-Comandante da PM por fraude em concurso

Ação penal proposta pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) resultou na condenação do Coronel aposentado Paulo Conceição Caminha, ex-Comandante da Polícia Militar (PM), e do Tenente-Coronel Walmir Moreira Francisco, então Diretor do Centro de Seleção, Ingresso e Estudos de Pessoal da Polícia Militar de Santa Catarina (Cesiep), à pena de um ano de reclusão cada um por fraude no concurso para Sargento da Polícia Militar, ocorrido em 2003.

Ação penal proposta pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) resultou na condenação do Coronel aposentado Paulo Conceição Caminha, ex-Comandante da Polícia Militar (PM), e do Tenente-Coronel Walmir Moreira Francisco, então Diretor do Centro de Seleção, Ingresso e Estudos de Pessoal da Polícia Militar de Santa Catarina (Cesiep), à pena de um ano de reclusão cada um por fraude no concurso para Sargento da Polícia Militar, ocorrido em 2003. A Justiça Militar condenou o ex-Comandante da PM por crimes classificados pelo Código Penal Militar como prevaricação, falsidade documental e corrupção passiva, e o Tenente-coronel Walmir por prevaricação. A sentença foi proferida pelo Juiz de Direito Getúlio Corrêa, na noite do dia 5 de dezembro de 2007, em Florianópolis.

O Promotor de Justiça Alceu Rocha demonstrou ao Conselho Especial de Justiça, formado por quatro Coronéis da Reserva, que Caminha, então Comandante da PM e membro da Comissão-Geral do concurso para Sargentos, não só ignorou a existência do convênio firmado entre a Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe) e a Polícia Militar para a correção das provas do processo seletivo, como determinou que o exame fosse corrigido pelo Cesiep, composto por militares. O objetivo seria favorecer parentes seus, de integrantes do próprio centro de seleção e uma Policial Militar com a qual mantinha estreito relacionamento.

"Ao determinar que a correção das provas do concurso fosse realizada pelo Cesiep, o Coronel Caminha abriu amplo espaço para ações fraudatórias, em detrimento dos princípios da legalidade, impessoalidade, transparência e moralidade", sustentou o Promotor de Justiça, durante a sessão de julgamento dos envolvidos. Concorreram a uma das 200 vagas daquele processo seletivo mais de 9 mil pessoas. Os concorrentes beneficiados com informações privilegiadas conseguiram passar em posições favoráveis. Alceu Rocha relatou que os filhos de Caminha, por exemplo, ficaram com as 108ª e 155ª colocações.

Além de prevaricar, uma vez que faltou com o dever por não ter se dado por impedido de participar da comissão-geral do concurso, o Promotor de Justiça afirmou que Caminha, com a colaboração dos componentes do Cesiep, ainda ocultou, destruiu e substituiu o cartão-resposta original (documento público) preenchido pela Policial Militar Marinês Cristina Aguiar Glelepi, com a qual mantinha estreito relacionamento, de modo a aprová-la no concurso. Laudo pericial mostra que o documento original foi substituído por outro com os acertos necessários para aprovação da candidata.

Alceu Rocha demonstrou ainda ao Conselho Especial de Justiça que o Tenente-Coronel Walmir Moreira Francisco, então Diretor do Cesiep, não cumpriu com o seu dever ao atender as ordens de Caminha, uma vez que a correção das provas do concurso deveria ter sido realizada pela Acafe e não pelos integrantes do Centro de Seleção, Ingresso e Estudos de Pessoal da PM (Cesiep). "O Tenente-Coronel consentiu com a ilegalidade para atender aos interesses escusos dos responsáveis pela correção das provas", explicou o Promotor de Justiça.

Os Sargentos Protásio Anatólio Vicente e Avanir Juvenal Campos, integrantes do Cesiep, também foram condenados pela Justiça Militar. Ambos participaram da correção das provas do concurso e foram beneficiados, pois seus filhos participaram do processo seletivo e foram aprovados. Protásio foi condenado à pena de um ano de detenção pelos crimes de prevaricação e falsidade documental. Avanir foi condenado à pena de sete meses de detenção por prevaricação. Já a Policial Militar Marinês Cristina Aguiar Glelepi foi condenada a cumprir pena de sete meses de detenção por falsidade documental.

Ação civil pública

O concurso foi cancelado e uma nova seleção foi realizada porque o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou investigação para apurar a fraude. Além da ação penal, o MPSC também ajuizou ação civil pública na qual requer que o Judiciário determine aos envolvidos o ressarcimento aos cofres públicos dos gastos efetuados pela Polícia Militar para a realização do concurso fraudado. Segundo Alceu Rocha, a PM gastou com aquele processo seletivo cerca de R$ 85 mil, somente a título de diárias e horas-extras pagas aos Policiais que trabalharam na realização do certame. Os réus ainda poderão recorrer da decisão.

Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC