Em Mondaí, após ação do MPSC, indústria têxtil responsável por poluição sonora deverá adequar estrutura
Uma indústria têxtil de Mondaí, no Oeste do estado, foi condenada por poluição sonora e deverá adequar a sua estrutura. A condenação resulta de uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A sentença já transitou em julgado - não é mais passível de recurso - e a indústria aguarda a aprovação do projeto de adequações pelos órgãos competentes. Após a liberação, a empresa tem 90 dias para iniciar a reforma.
A sentença determina que a indústria adeque a acústica de modo a diminuir o nível de som que se propaga para fora de suas dependências, limitando-o as níveis legalmente permitidos para a região em que se localiza. A decisão ainda prevê que o estabelecimento não produza ruídos que ultrapassem o índice previsto na legislação. Caso a indústria não cumpra o prazo disposto na sentença, ocorrerá a aplicação de multa diária de R$ 500.
Entenda o caso
De acordo com a inicial, chegou ao conhecimento da Promotoria de Justiça de Mondaí, por meio de uma representação anônima, a informação de que uma indústria têxtil no Centro da cidade emitia ruídos acima do permitido pela legislação. A situação perturbava a tranquilidade das pessoas que moram próximo do local desde 2007, tanto pelas atividades regulares do estabelecimento quanto por uma sirene que era tocada diariamente às 7h, às 12h, às 13h30 e às 18h.
Em 2011, o Ministério Público e a empresa celebraram um termo de ajustamento de conduta. A indústria se comprometeu a controlar as emissões sonoras, tendo como parâmetros os limites previstos na Resolução n. 001/90 do Conama e na NBR 10.151. Porém, durante as fiscalizações do acordo, entre 2012 e 2015, foi verificado que o problema persistia.
A Polícia Militar Ambiental verificou que os ruídos emitidos estavam muito acima das normas. Numa primeira medição foi constatado que, durante a tarde, os valores variavam de 59,9 dB a 66,3 dB - o máximo permitido seria 55 dB. Já à noite, após as 19h, o limite passa a ser 50 dB, e a medição variou entre 62,8 dB e 68,3 dB. Uma segunda verificação foi feita pelo órgão, mas nenhuma melhora foi registrada. Em 2016, também foi solicitada uma perícia pelo Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina, na qual se constatou que o estabelecimento emitia ruídos acima dos limites estabelecidos pela NBR 10.151.
Notificada pela Promotoria de Justiça para que apresentasse esclarecimentos, a indústria argumentou que estaria enquadrada em "área predominantemente industrial", por estar instalada em "Zona de Interesse Industrial". Porém, de acordo com o apurado, a empresa não está em "área predominantemente industrial" e, ainda que estivesse, ultrapassou o limite máximo de decibéis permitidos no horário noturno (60 dB). Diante disso, a ação civil pública foi ajuizada.
Já nos autos da ação, além dos laudos emitidos pelos órgãos oficiais, houve a confecção de um laudo por um perito nomeado pelo Juízo, que também constatou a poluição sonora causada pela indústria têxtil.
Nas alegações finais no processo, o Ministério Público ressaltou que a paz e a tranquilidade da vizinhança estavam abaladas. "Veja-se que o mais recente laudo aportado ao feito indica que a parte requerida, mesmo após anos sendo alertada sobre os ruídos gerados e tendo afirmado alterações em suas estruturas operacional e física, ainda excede os limites legais", destacou.
O que a poluição sonora pode causar?
O Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina destacou os diversos efeitos nocivos causados à saúde humana e ao meio ambiente pela emissão excessiva de ruídos. Alguns deles são os seguintes:
perturbação do sono;
fadiga;
diminuição da acuidade auditiva;
dor;
palpitação cardíaca;
estresse;
aumento da pressão sanguínea;
alterações no funcionamento do sistema gastrointestinal;
aumento e mudanças na cortisona;
reações musculares;
aumento da produção de hormônios na tireoide;
associação de medo e ansiedade;
irritabilidade;
mudança na conduta social.
Últimas notícias
18/11/2025MPSC instaura procedimentos e apura brigas entre torcidas e possível crime de racismo em jogo entre Avaí e Remo
18/11/2025FRBL destinará R$ 821 mil para compra de novos equipamentos do Procon estadual
18/11/2025GAECO do MPSC apoia operação Invoice contra sonegação fiscal deflagrada pelo MP de Alagoas
18/11/2025GAECO catarinense cumpre mandado de prisão e de busca e apreensão em apoio ao GAECO do MPCE
18/11/2025MPSC e FACISC firmam adesão ao Protocolo “Não é Não” em evento que reuniu setor público e empresarial
18/11/2025MPSC apresenta recurso e garante aumento de pena para réus que mataram dois irmãos em Criciúma
Mais lidas
10/10/2025GAECO deflagra Operação “Hora do Show” que investiga irregularidades e direcionamento em processos de contratação pública no Oeste
15/10/2025GAECO, em apoio à 39ª Promotoria de Justiça da Capital, deflagra operação para combater organização financeira de facção criminosa
08/10/2025GAECO e Polícia Civil deflagram a operação “Carta branca” para apurar crimes contra a administração pública na região do Planalto Serrano
09/10/2025Mulher que matou companheiro em reserva indígena é condenada
31/10/2025GAECO deflagra Operação Nuremberg para desarticular um dos maiores grupos neonazistas em atividade no Brasil
12/11/2025STJ atende parcialmente MPSC e reconhece que, até 300 metros da preamar, toda restinga é área de preservação permanente