18.08.2015

Estado se compromete a regularizar Unidade Prisional de Laguna

O Estado de Santa Catarina aceitou acordo judicial proposto pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e comprometeu-se a realizar uma série de ações a fim de resolver os problemas de superlotação, infraestrutura e insalubridade da Unidade Prisional de Laguna.

O acordo foi proposto em audiência de conciliação de uma ação civil pública proposta pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Laguna após sucessivas vistorias nas quais o Corpo de Bombeiros, a Vigilância Sanitária e engenheiros do Município atestaram a situação crítica da Unidade Prisional Avançada de Laguna.

Localizada no centro da cidade, ao lado de uma universidade e de outros prédios públicos, os laudos apontam excessiva insalubridade e risco acentuado de acidentes e de fugas em massa, em função da falta de manutenção na edificação da unidade prisional e do número excessivo de presos.

Na ação civil pública, a Promotora de Justiça Sandra Goulart Giesta da Silva detalha os problemas apresentados nos laudos, que põem em risco a segurança e a saúde dos funcionários e dos presos. Ela ressalta que, apesar de destinar-se apenas para presos provisórios, é grande o número de condenados que deveriam estar em outros tipos de estabelecimentos prisionais - como penitenciárias, no caso dos presos com sentença de regime fechado, ou colônias agrícolas, industriais ou similares, para os presos em regime semiaberto.

Com o acordo judicial, o Estado deverá tomar uma série de providências, no prazo máximo de 180 dias, a fim de sanar as irregularidades.

As obrigações assumidas pelo Estado

Em relação ao número de presos

  • Imediatamente: não receber presos de outras comarcas
  • Em 60 dias: transferir 30 dos 124 presos
  • Em 180 dias: adequar a quantidade de presos para a capacidade real do presídio, que é de 79 reclusos; iniciar tratativas com o Município para viabilizar um terreno para transferência do presídio.

Em relação à segurança contra incêndios

  • Em 60 dias: apresentar atestado de regularidade do Corpo de Bombeiros
  • Em 180 dias: apresentar projeto preventivo contra incêndios

Em relação à infraestrutura

  • Em 180 dias: providenciar reforma emergencial do prédio de forma a sanar todas as irregularidades apontadas pelos engenheiros; corrigir os problemas de mofo e umidade; implantar correto sistema de instalação elétrica e instalação de gás central canalizado.

Em relação à insalubridade

  • Em 180 dias: reformar a cozinha, sanando todos os problemas apontados pela Vigilância Sanitária e engenheiros; instalar sistema de limpeza e desinfecção das caixas d'água.
Os problemas apontados pelos Laudos

Segurança contra incêndios
  • o edifício não possui sistema preventivo contra incêndio, extintores, iluminação de emergência, placas de saída luminosa, tampouco corrimão na escada da administração. Também estão inadequadas a cozinha e a central de gás.
Infraestrutura
  • existência de umidade e fissuras nas paredes, deterioração do reboco e estruturas de concretos com armaduras em processo de corrosão.
  • instalações hidrossanitárias e elétricas extremamente precárias;
  • grades e portas de segurança comprometidas;
  • banheiros com acesso à estrutura dos telhados;
  • instalações elétricas possuem fiação à mostra, com altíssimo risco de incêndio e acidentes;
  • celas apresentam umidade e pintura extremamente precária. São desprovidas de ventilação e a iluminação é totalmente inadequada;
  • armaduras de aço das estruturas do pátio interno, pilar e viga expostos sugerem colapso iminente na unidade prisional, com total deficiência da segurança.

Saúde
  • funcionários não dispõem de luvas ou de equipamento de proteção individual;
  • DEAP não disponibiliza material de higiene e limpeza;
  • pátio externo possui esgotamento sanitário saturado;
  • presença de lixeira sem tampa em toda a Unidade Prisional;
  • alimentos armazenados de forma inadequada, por ausência de espaço físico suficiente;
  • sala de aula sem janelas e sem qualquer ventilação, com umidade e bolor nas paredes;
  • banheiro dos funcionários sem sabonete, lixeira sem tampa e colchões sem forro;
  • celas com superlotação (algumas celas projetadas para seis pessoas possuem até quatorze)
  • cozinha não dispõe de revestimento das paredes e teto com material lavável, impermeável e de fácil higienização e limpeza; falta de coifa exaustora para o fogão industrial; tampas dos freezers oxidadas; janelas com vidro quebrado; uso de embalagens de material reciclado para acondicionar alimentos nos freezers e geladeiras; restos de comida são armazenados em galões recolhidos uma a duas vezes por semana; presença de grande quantidade de materiais ao lado da cozinha servem de atrativo para vetores.



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