Recentemente, a Promotora de Justiça Raíza Alves Rezende conversou sobre o tema com os novos agentes comunitários de saúde de Cerro Negro. Ela participou de uma capacitação e apresentou os flyers e cartazes da campanha; também falou sobre a importância da divulgação do material e sobre a observação em atendimentos suspeitos, com orientação a família e o compartilhamento dos dados com a rede de proteção.
"Esses profissionais estão na linha de frente do contato com a sociedade. Eles entram em muitas casas e conversam com um grande número de pessoas e é importante que estejam atentos a possíveis sinais e denunciem casos suspeitos, para que as providências cabíveis sejam tomadas", diz a Promotora de Justiça.
Neste ano, um morador de um dos municípios da comarca foi condenado a 24 nos de reclusão por estuprar uma das filhas e ameaçá-la caso contasse a alguém, também foi denunciado pelo MPSC por cometer os mesmos crimes contra outra filha. As duas meninas tinham entre seis e sete anos na época dos fatos, e só conseguiram relatar os acontecimentos anos mais tarde.
Acredita-se, ainda, que ocorreram muitas outras situações de violência sexual contra crianças e adolescentes na Comarca, que não chegaram ao conhecimento da Justiça. "Na maioria dos casos, as vítimas são coagidas a não contarem o que estão sofrendo, mediante ameaças, e muitas famílias acabam acobertando os crimes, para que os agressores são sofrem as consequências", diz a Promotora de Justiça.
A campanha almeja justamente tentar reverter o quadro. Nos próximos meses, acontecerão palestras nas escolas, orientações aos membros das redes de proteção. Ainda, em março e abril cartazes estão sendo fixados em instituições e órgãos públicos e flyers serão distribuídos para a população.
A Promotora de Justiça finaliza defendendo que os dados levantados permitem a melhoria da eficiência das políticas públicas de atendimento a essas vítimas e suas famílias. "São crianças e adolescentes que precisam ser acolhidos e protegidos com prioridade. A atuação do Ministério Público e da rede deve evoluir para prevenir e não só atuar quando os crimes já tiverem ocorrido".