Barroso encerrou seminário promovido pelo MPSC, Tribunal de Justiça e Associação dos Magistrados Catarinenses.
No mundo real, afirmou o Ministro, dependendo do local em que se dá a prisão, as mesmas quantidades de drogas podem ser enquadradas de maneiras diferentes. "No caso do Rio de Janeiro, geralmente na Zona Sul é porte para uso pessoal, e no Rebouças a mesma quantidade é considerada tráfico".
Para Barroso, o Brasil tem que discutir o problema das drogas abertamente, sem preconceito. "O que vem sendo feito não está funcionando. A guerra contra as drogas fracassou no mundo inteiro. Temos que quebrar o poder do tráfico. As drogas ilícitas são uma coisa ruim. Portanto, o papel do Estado é desincentivar o consumo, tratar os dependentes e combater o tráfico", ressaltou.
No limiar entre a velha ordem e a nova ordem
Embora reconheça que o Brasil vive um momento difícil e até mesmo sombrio, Barroso se diz um otimista moderado. "Creio que o país vive um momento sombrio, mas, ao mesmo tempo, no limiar entre a velha e a nova ordem. Constato, ao mesmo tempo, ao percorrer esse imenso país, uma grande demanda por integridade, e isso é altamente positivo".
Para Barroso, o Brasil registrou nos últimos tempos mudanças de atitudes, de leis e de jurisprudência que passaram um recado claro à sociedade e começaram a desfazer a crença de que o crime compensa. "Inicialmente a Ação Penal 470 e, mais recentemente, a Operação Lava Jato, com prisões e condenações aos autores de crimes do colarinho branco, verdadeiros corruptores seriais, marcaram essa passagem e apontam para um futuro em que a elite extrativista deste país, que só sobrevive em meio à corrupção, terá que repensar esse modelo de capitalismo de compadrio", declarou.
Ao final da palestra, Barroso fez questão de afirmar que os brasileiros estão plantando sementes para um futuro novo, para a refundação do Brasil. "A única coisa que as pessoas não podem fazer é desistir ou deixar de fazer bem a sua parte porque os outros não estão fazendo. Não importa o que esteja acontecendo a sua volta; faça o melhor papel que puder", finalizou.