Após 11 horas de julgamento, o conselho de sentença do Tribunal do Júri da comarca da Capital condenou nesta quinta-feira (7/2) o motorista Gustavo Raupp Schardosim a sete anos de reclusão, em regime semiaberto, pelo crime de homicídio com dolo eventual, além de multa de R$ 50 mil pelo dano moral.
Gustavo foi condenado por atropelar e matar o jornalista Roger Bittencourt e por também ter ferido o ciclista Jacinto Florzino, em dezembro de 2015, na ciclo-faixa da rodovia SC-401, em Florianópolis. O juiz de direito Renato Mastella, que presidiu a sessão, concedeu ao réu o direito de recorrer em liberdade, mas negou a substituição da pena privativa de liberdade pelas restritivas de direito.
Em função de uma prisão preventiva, o motorista já cumpriu um ano e quatro meses em regime fechado. Assim, o magistrado registrou que o réu deve cumprir os cinco anos e oito meses remanescentes em regime semiaberto. Os debates entre o promotor e o advogado de defesa foram acalorados e o juiz Renato Mastella, em determinado momento, precisou interromper a sessão por alguns minutos até os ânimos se acalmarem.
Isso porque a promotoria cobrava a aplicação do homicídio com dolo eventual, em função de o motorista assumir o risco de beber e dirigir. Já a defesa pregava o homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, com pena de dois a quatro anos. Mais de 50 pessoas acompanharam a sessão, entre familiares das vítimas, do réu e jornalistas.
O Promotor de Justiça Affonso Ghizzo Neto, que representou o Ministério Público de Santa catarina (MPSC) perante o Tribunal do Júri, destaca a importância do reconhecimento do dolo eventual em delito de trânsito, inclusive no homicídio tentado, tese sustentada em plenário. "Foi aplicada a pena máxima possível, o que demonstra que a sociedade não aceita mais crimes como este", ressalta o Promotor de Justiça.
Segundo denúncia do Ministério Público, o condutor estava ao volante de uma Parati em visível estado de embriaguez quando perdeu o controle do carro, invadiu o acostamento e atropelou Roger e Jacinto, que sofreu ferimentos, mas sobreviveu, quando ambos trafegavam de bicicleta pela ciclofaixa. A polícia também teria encontrado maconha no interior do veículo do réu.
O jornalista Roger Bittencourt tinha 49 anos na época do acidente. Natural do Rio Grande do Sul, vivia há 22 anos em Santa Catarina, onde atuou no grupo RBS e como professor universitário, foi secretário de Estado de Comunicação e sócio-fundador da empresa Fábrica de Comunicação. Na época do acidente, a vítima exercia a 1ª vice-presidência da Associação Catarinense de Imprensa (ACI).